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XICO SÁ
Coisas da vida...
Como a mídia é capaz de ignorar o tropeço do Sport e
negar os títulos da Taça Brasil e do Roberto Gomes Pedrosa?
AMIGO TORCEDOR , amigo secador, "coisas da vida, choque
de opiniões", como diz a mais
linda e dialética canção de Roberto
& Erasmo, mas, por favor, quando
teremos crônica esportiva nacional
que trate do que interessa ao Brasil
todo, e não só ao eixo Rio-São Paulo?
Jamais, já era, claro, então cada
um que cuide de defender o seu nicho, o seu mundo... Graças a Deus os
jornais e as revistas têm cada vez
menos importância e um moleque
de 15 ou um marmanjo de 50, com os
seus blogs e maluquices, nas margens do Guaíba ou nas Alterosas, em
Cruzeiro do Sul ou em uma lan house em Solidão, Pernambuco, podem
fazer o mesmo barulho que um metido colunista deste ou de qualquer
outro matutino do planeta.
Podem falar do primeiro tropeço
importante do Sport no ano. Embora não tenha perdido a invencibilidade, empatou, no sufoco dos sufocos, anteontem, com o vice-lanterna
estadual, o Ypiranga, mais conhecido como a máquina de costura, por
causa da indústria agrestina da sulanca. Se isso diz algo no duelo com o
Palmeiras, na Semana Santa, só o
vento da Ilha de Lost sabe a resposta, mas não pode ser ignorado.
A imprensa sudestina, não só em
futebol mas também em política e
crônica de costumes, hoje em dia vive de sustos, pois, a não ser em grandes tragédias ou exotismos, não
atravessa sequer a ponte do Morumba, dividindo SP como se fosse
uma Berlim pré-queda do muro.
As mesas-redondas passam a semana discutindo primeiro e segundo volante, até na cobertura de treinos da Canarinha, como se isso tivesse relevância. Gracias, Tostão, de
novo, pela aula a cada escrita.
Mas, como cantava o Luiz Américo, desculpe seu Zagallo, a crítica
que faço é pura brincadeira, afinal
sou ombudsman de boteco, cordialíssimo, nooossa, apesar do salário
mais baixo que mecânico de skate.
E justiça seja feita. O "Brasil da
Copa do Brasil", da ESPN, é o que
mais chega perto do que se imagina
de uma cobertura nacional do mais
legítimo torneio de todos os brasileiros. Do alvinegro ASA de Arapiraca
ao preto-e-branco do Corinthians.
Nunca houve tanta isonomia ludopédica nessa zorra.
A bronca continua...
Mas realmente, mas rrrrealmente, como dizia Chacrinha, com todos os erres possíveis, não dá para
entender a crônica que vê legitimidade naquele torneiozinho que vale um jipe ao fim do jogo -a tal Copa Toyota de uma pelada só- como
um título de campeão do mundo...
e... e ignora a Taça Brasil e a Roberto Gomes Pedrosa como títulos nacionais de responsa.
Bons e empedernidos menudos
ludopédicos, vos asseguro: queiram vocês ou não, oficialize a CBF
ou não, houve futebol no país de
Tostão, Ademir da Guia, Pelé e Garrincha antes de 1971, ano da graça
de Dadá Peito de Aço e grande elenco do Clube Atlético Mineiro.
Pior é que os cavalheiros da mesa-redonda falam como se tratassem do a.C. e do d.C. Não há como
negar os títulos reivindicados por
Santos, Botafogo, Palmeiras, Fluminense, Bahia e Cruzeiro. Tudo é
história, o resto é lenda e Desafio ao
Galo, com todo o respeito à várzea
paulistana. O resto é torcida, coisa
pouca para secador que se preza.
xico.folha@uol.com.br
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