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AUTOMOBILISMO
Banido há 8 anos, dispositivo ameaça ascensão da Williams
Controle de tração retorna hoje à F-1 e divide opiniões
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
Oito anos depois de ser banido
da F-1, o controle da tração retorna hoje à categoria, divide opiniões, ameaça a festejada ascensão da Williams e deixa no ar a
sensação de que, mesmo clandestino, nunca deixou de ser usado.
A reestréia do dispositivo tem
horário marcado: 6h (de Brasília),
início dos treinos livres para o GP
da Espanha, quinta corrida do
campeonato, em Barcelona.
Junto com o controle de tração,
outros componentes eletrônicos
estarão liberados (veja quadro),
levando a F-1 a um estágio semelhante ao de 1993, quando esses
dispositivos eram permitidos e os
carros chegaram a ser chamados
de "videogames sobre rodas".
Ao final daquele ano, uma decisão da FIA (entidade máxima do
automobilismo) restringiu ao
máximo a eletrônica na categoria.
Desde então, sempre pairaram
suspeitas de que uma equipe ou
outra estava fazendo uso do controle de tração. A Benetton, em 94
e 95, a Williams, em 96 e 97, e a
Ferrari, neste ano, chegaram a ser
alvo de acusações de times rivais,
nunca comprovadas pela FIA.
A própria entidade, no entanto,
reconheceu que não tinha como
fiscalizar o uso do dispositivo, que
impede as rodas de patinarem,
dando vantagem aos pilotos em
situações como largadas e saídas
de curva. Foi o primeiro passo para que ele fosse legalizado.
A decisão pela volta do controle
de tração aconteceu em fevereiro,
após uma forte pressão das montadoras. Em contrapartida, a FIA
exigiu que as fábricas passassem a
trabalhar na adoção de novos
equipamentos de segurança, a serem adotados a partir de 2002.
Apesar da vontade de seus chefes, poucos pilotos aprovam a decisão. Entre eles, o maior defensor
da eletrônica é o atual campeão
do mundo, Michael Schumacher.
"A eletrônica vai nos deixar
muito mais livres para guiar no limite, e isso fará de nós pilotos melhores", declarou o alemão. "A
habilidade de manter o carro
constantemente no limite é que
faz de alguém um bom piloto."
Rubens Barrichello, seu companheiro de Ferrari, não concorda.
"Os pilotos que têm mais capacidade de controlar o carro no acelerador, como eu, serão nivelados
àqueles que têm dificuldade."
Jarno Trulli, da Jordan, é o mais
crítico. "É o doping da F-1", disse.
Ontem, em Barcelona, porém,
os mais desanimados pela iminência dessa nova fase da categoria eram os homens da Williams.
A equipe, que até duas semanas
atrás era vista como a maior
ameaça à hegemonia Ferrari-McLaren, admite que não está
preparada para usar o controle.
"Ainda estamos em processo de
desenvolvimento", disse Mario
Thiessen, diretor da BMW.
A montadora, parceira da Williams, estava fora da F-1 no início
dos anos 90, quando o dispositivo
viveu seu auge. Agora, corre para
criar um sistema próprio.
"Simplesmente não estamos
preparados", disse Ralf Schumacher, vencedor em Imola.
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