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BASQUETE
O rei está gordo, viva o rei!
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
"Sob nova direção", deveria anunciar a porta do
vestiário do Los Angeles Lakers.
Pelo bem e pelo mal, Kobe Bryant
virou a referência do time mais
estrelado, querido e (no papel) capacitado ao título da NBA.
"Ele simplesmente nos pôs em
seus ombros", diagnostica o armador reserva Derek Fisher, cujo
testemunho ganha relevo, pois
sempre foi aliado de "panelinha"
de outro astro, Shaquille O"Neal.
O superpivô, 32, nem de longe
lembrou neste ano -na fase de
classificação e agora nos playoffs- o ágil massa-bruta que
costumava pulverizar defesas.
Shaq tem problema crônico no
dedão do pé. Pisou torto por anos,
o que sobrecarregou os joelhos.
Com dores, parou de se aplicar
nos treinos. Está gordo, bem acima dos 143 kg oficiais, e sem saúde clínica para queimar gordura.
Pela primeira vez desde que
chegou aos Lakers, sua média de
pontos nos mata-matas não alcança 25 (pára até aqui em 17,2).
E seu índice de acerto nos lances
livres desabou a ridículos 31%.
O ala-pivô Karl Malone, 40, e o
armador Gary Payton, 35, os outros craques veteranos da equipe,
também rejeitaram o papel principal. O primeiro, assombrado
por contusões. O segundo, perdido com a tática dos triângulos.
Assim, nada restou aos californianos senão pedir a Kobe, 25,
que resolva todas as enrascadas.
A "promoção" do armador se
dá justamente no ano mais improvável. Além de enfrentar a
competição dos recém-contratados Malone e Payton e a antipatia histórica de Shaq, ele teria de
lidar com os compromissos de seu
julgamento por estupro (gastará
estimados US$ 10 milhões em sua
defesa e hoje mesmo está no Colorado, impedido de treinar).
Ademais, Kobe sempre foi considerado fominha pelos colegas
menos ilustres, indisciplinado pelo técnico Phil Jackson e arrogante por toda a liga americana.
Daí a ironia. Durante anos, o
armador ouviu recados maldosos
de que arremessava demais. Hoje,
porém, ouve súplicas de "arremessa, pelamordedeus!".
Na última semana da fase de
classificação, essa situação paradoxal ficou bastante evidente.
Contra o Sacramento, no duelo
que poderia definir a segunda colocação na Conferência Oeste,
Kobe ironizou o passado e decidiu não chutar à cesta. Só fez um
arremesso em todo o primeiro
tempo. O suficiente para engasgar
o time -e decretar sua derrota.
Recado dado, na partida seguinte, diante do Portland, ele retomou o estilo agressivo que embevece o torcedor. Com dois tiros
de três pontos no último segundo,
levou o jogo para a prorrogação e
selou a vitória que, aí sim, assegurou aos Lakers o segundo lugar.
A passagem de bastão no clube
era o que faltava para cacifar o
manipulador Kobe como herdeiro legítimo de Michael Jordan.
Em Los Angeles, pelo visto, mais
gente pensa desse modo. O jornal
"Chicago Tribune" reportou ontem que a diretoria dos Lakers resolveu tratar a renovação de contrato de Kobe como prioridade
zero -e que ela não descarta
mais a hipótese de dispensar Shaq
e reconstruir a equipe em redor
do craque de nariz empinado.
Seleção 1
Até a NBA já divulgou os seus. Mas, a pedido dos malucos internautas, completo hoje meus troféus da temporada. Além de Kobe, eu
formaria a seleção com Jason Kidd (New Jersey), Tim Duncan (San
Antonio), Kevin Garnett (Minnesota) e Jermaine O'Neal (Indiana).
Seleção 2
Meus reservas seriam Sam Cassell (Minnesota), Peja Stojakovic (Sacramento), Ron Artest (Indiana), Brad Miller (Sacramento) e Shaq.
Seleção 3
O terceiro quinteto teria LeBron James (Cleveland), Michael Redd
(Milwaukee), Carmelo Anthony (Denver), Lamar Odom (Miami) e
Ben Wallace (Detroit). Lamento não inserir Andrei Kirilenko (Utah).
E-mail melk@uol.com.br
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