São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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BASQUETE

O rei está gordo, viva o rei!

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

"Sob nova direção", deveria anunciar a porta do vestiário do Los Angeles Lakers. Pelo bem e pelo mal, Kobe Bryant virou a referência do time mais estrelado, querido e (no papel) capacitado ao título da NBA.
"Ele simplesmente nos pôs em seus ombros", diagnostica o armador reserva Derek Fisher, cujo testemunho ganha relevo, pois sempre foi aliado de "panelinha" de outro astro, Shaquille O"Neal.
O superpivô, 32, nem de longe lembrou neste ano -na fase de classificação e agora nos playoffs- o ágil massa-bruta que costumava pulverizar defesas.
Shaq tem problema crônico no dedão do pé. Pisou torto por anos, o que sobrecarregou os joelhos. Com dores, parou de se aplicar nos treinos. Está gordo, bem acima dos 143 kg oficiais, e sem saúde clínica para queimar gordura.
Pela primeira vez desde que chegou aos Lakers, sua média de pontos nos mata-matas não alcança 25 (pára até aqui em 17,2). E seu índice de acerto nos lances livres desabou a ridículos 31%.
O ala-pivô Karl Malone, 40, e o armador Gary Payton, 35, os outros craques veteranos da equipe, também rejeitaram o papel principal. O primeiro, assombrado por contusões. O segundo, perdido com a tática dos triângulos.
Assim, nada restou aos californianos senão pedir a Kobe, 25, que resolva todas as enrascadas.
A "promoção" do armador se dá justamente no ano mais improvável. Além de enfrentar a competição dos recém-contratados Malone e Payton e a antipatia histórica de Shaq, ele teria de lidar com os compromissos de seu julgamento por estupro (gastará estimados US$ 10 milhões em sua defesa e hoje mesmo está no Colorado, impedido de treinar).
Ademais, Kobe sempre foi considerado fominha pelos colegas menos ilustres, indisciplinado pelo técnico Phil Jackson e arrogante por toda a liga americana.
Daí a ironia. Durante anos, o armador ouviu recados maldosos de que arremessava demais. Hoje, porém, ouve súplicas de "arremessa, pelamordedeus!".
Na última semana da fase de classificação, essa situação paradoxal ficou bastante evidente.
Contra o Sacramento, no duelo que poderia definir a segunda colocação na Conferência Oeste, Kobe ironizou o passado e decidiu não chutar à cesta. Só fez um arremesso em todo o primeiro tempo. O suficiente para engasgar o time -e decretar sua derrota.
Recado dado, na partida seguinte, diante do Portland, ele retomou o estilo agressivo que embevece o torcedor. Com dois tiros de três pontos no último segundo, levou o jogo para a prorrogação e selou a vitória que, aí sim, assegurou aos Lakers o segundo lugar.
A passagem de bastão no clube era o que faltava para cacifar o manipulador Kobe como herdeiro legítimo de Michael Jordan.
Em Los Angeles, pelo visto, mais gente pensa desse modo. O jornal "Chicago Tribune" reportou ontem que a diretoria dos Lakers resolveu tratar a renovação de contrato de Kobe como prioridade zero -e que ela não descarta mais a hipótese de dispensar Shaq e reconstruir a equipe em redor do craque de nariz empinado.

Seleção 1
Até a NBA já divulgou os seus. Mas, a pedido dos malucos internautas, completo hoje meus troféus da temporada. Além de Kobe, eu formaria a seleção com Jason Kidd (New Jersey), Tim Duncan (San Antonio), Kevin Garnett (Minnesota) e Jermaine O'Neal (Indiana).

Seleção 2
Meus reservas seriam Sam Cassell (Minnesota), Peja Stojakovic (Sacramento), Ron Artest (Indiana), Brad Miller (Sacramento) e Shaq.

Seleção 3
O terceiro quinteto teria LeBron James (Cleveland), Michael Redd (Milwaukee), Carmelo Anthony (Denver), Lamar Odom (Miami) e Ben Wallace (Detroit). Lamento não inserir Andrei Kirilenko (Utah).

E-mail melk@uol.com.br


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