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VÔLEI
Em ingressos vendidos para Rio x Osasco, na decisão feminina, entidade diz que torcedor tem de assumir todos os riscos
CBV desrespeita lei em final da Superliga
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A Confederação Brasileira de
Vôlei (CBV) não se responsabiliza
pela segurança dos torcedores
que comparecem aos jogos finais
da Superliga feminina, segundo
inscrição no próprio verso dos ingressos que confeccionou. O torneio pode chegar ao fim hoje caso
o Rio vença o Osasco, em Barueri.
A equipe carioca vence a série melhor de cinco partidas por 2 a 1.
Nos ingressos vendidos para os
jogos finais, a entidade surpreende ao transferir aos torcedores o
risco por qualquer incidente dentro e fora dos ginásios. No terceiro
item impresso no verso dos bilhetes, vendidos na partida de sábado, na qual o Rio venceu o Osasco,
por 3 a 1, em Niterói, a CBV declara que o ""portador deste ingresso
assume todos os riscos ocorridos
durante e após as competições".
De acordo com advogados ouvidos pela Folha o texto é uma
afronta ao Código de Defesa do
Consumidor e ao Estatuto do
Torcedor, criado para determinar
direitos e deveres de quem assiste
a eventos esportivos.
O artigo 13 do estatuto diz que
""o torcedor tem direito à segurança nos locais onde são realizados
os eventos esportivos antes, durante e após a realização das partidas". No artigo seguinte, o estatuto ainda responsabiliza diretamente a confederação, que detém
o mando de quadra dos três últimos jogos da competição.
Já o Código de Defesa do Consumidor também é desrespeitado
nos artigos 12 e 13, para os advogados. O artigo 12 diz que a CBV,
como fornecedora, independentemente da existência de culpa, é
responsável por incidentes que
causem danos ao consumidor.
""Não garantir a segurança dos
torcedores é muito grave. O estatuto e o código estão sendo frontalmente desrespeitados", disse o
promotor Rodrigo Terra, responsável pela área de direito do consumidor no Ministério Público do
Estado do Rio. Ele deve abrir nos
próximo dias inquérito para investigar a decisão da CBV. O estatuto cogita até a possibilidade de
afastar o presidente da entidade,
Ary Graça, em casos como este.
Na lista de seis itens impressos
no verso dos ingressos, a confederação faz uma série de exigências
aos torcedores. No item seis, a entidade informa que o torcedor
""outorga a permissão irrevogável
à CBV e a seus concessionários,
para utilizarem sua voz, imagem e
semelhança em conexão com
qualquer transmissora de notícias
ou outras gravações das competições, sem nenhuma compensação financeira". Já no item quatro,
o portador do ingresso ""aceita
não portar, nem utilizar, dentro
dos recintos autorizados, nenhum material político, promocional ou publicitário".
""Só posso dizer que se trata de
um contrato leonino. O torcedor
só tem deveres", disse o advogado
Marcílio Krieger. Ele acredita que,
se um torcedor sofrer lesão no ginásio, pode conseguir pela Justiça
uma reparação por perdas e danos da CBV baseado no Código
de Defesa do Consumidor.
""Além da questão da segurança,
o torcedor pode ser impedido de
ingressar no ginásio se estiver vestido uma camisa ou boné com o
logotipo de uma grife diferente da
que patrocina o evento e tem que
ceder a sua imagem gratuitamente. Só uma parte é beneficiada
neste contrato", concluiu Krieger.
NA TV - Osasco x Rio, no
Sportv, ao vivo, às 21h
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