São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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AÇÃO

Nem o céu é o limite

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Danny Way e Bob Burnquist vêm promovendo revolução no skate. Quem pôde observar as proezas deles, em especial neste último ano, não resiste à primeira análise condenando-os como malucos, mas a história é antiga e permeada por altas doses de evolução técnica, profissionalismo e progressivas quebras de limite.
A trajetória é parecida. Na época de amador, já se destacavam. Danny Way ganhou fama desde cedo projetado pelos vídeos de divulgação dos patrocinadores Powel Peralta e H-Street, que apresentaram o garoto da Califórnia como sucessor de Tony Hawk. Já Bob, no Brasil, com menos grana e visibilidade, conquistou espaço como líder de uma turma chamada Ultra Boys, responsável pela renovação do skate vertical no país. Sua maior arma foi conceber o switchstance, técnica de andar com a base trocada, revolução que foi mundialmente reconhecida nos anos 90 com a vitória no Slam City Jam, a etapa canadense e das mais tradicionais.
A resposta de Danny veio, e em 1997 o mundo ficou chocado com um drop gigante no ar, partindo de um helicóptero e caindo num half pipe de proporções enormes.
Já Bob inventou novas manobras, quase em escala industrial, e chamou atenção para a construção do maior, mais perfeito e inovador half pipe no quintal de sua casa. Na seqüência, venceu um desafio para a TV que reunia skatistas com objetivo comum de construir um obstáculo inédito. Bob vence Danny com a transposição de um looping com um buraco no teto de base trocada.
Danny fica ligeiramente recalcado e decide renovar os padrões vigentes com a construção de uma megarrampa de 60 pés de drop rumo a um quarter pipe que o projeta para um aéreo gigante. E obtém dois recordes: distância e altura. Estava aí sacramentado o conceito dos big airs, projetando o esporte para a grande audiência na TV. A experiência rendeu frutos, e recentemente Danny fez a China parar ao transpor a Grande Muralha. Alguns haviam tentando de bike ou moto, deixando a vida como pagamento. Danny estudou o local e projetou sua rampa de maneira exata. Fraturou o pé na primeira tentativa de atravessá-la, não desistiu, enfrentou a dor e, com a adrenalina necessária, concluiu o jump.
Bob, que já freqüentava as sessões da megarrampa, alimentava uma nova paixão, o skydiving. Motivado por mais um desafio pessoal, associado a um grande canal de TV, realizou o feito no Grand Canyon, combinando skate e pára-quedismo a 1.600 pés.
Danny nunca esteve tão motivado e, na semana passada, aprontou outra: jogou-se do alto da guitarra do Hard Rock Café de Las Vegas, num bomb drop de mais de 80 pés de altura, o maior e mais insano drop do mundo. Entre o ponto em que ele se atira sobre o topo da guitarra e a rampa havia um vazio de 20 pés.
Danny nunca esteve tão perto de Bob como agora. Eles têm parceria em que trocam experiências, técnica, realizações e amizade, visando se divertir juntos e buscando o máximo de evolução. Cada um por si já bastaria. Com os dois juntos, onde irão parar?

Surfebem
O surfe tem motivado os internos da Febem. Dois alunos tiveram a 1ª aula ontem com Daniks Fischer, em São Vicente, SP.

Brasileiro de skate no Ceará
Começam hoje, em Sobral, os Jogos de Ação. A ESPN Brasil exibe.

Escalada esportiva
Os brasileiros André Berezoski e Janine Cardoso disputam a partir de amanhã a primeira etapa da Copa do Mundo, na Bélgica.

Mundial de surfe - WQS
Ondas de 5 pés, temperatura de 5C e etapa 5 estrelas marcam a estréia da Escócia no Tour, que irá ainda a Sri Lanka e Ilhas Canárias.

E-mail sarli@trip.com.br


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