São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Tóquio se gaba por ter US$ 4 bi para 2016

Comitê de avaliação do COI visita o Rio nesta semana

LUÍS FERRARI
DA REDAÇÃO

O presidente da candidatura Tóquio-2016, a mais bem avaliada na pré-seleção do COI, não titubeia. A despeito do efeito da crise mundial, ecoa seu premiê e crava: "Não há parceiro mais confiável para o Movimento Olímpico que Tóquio".
Respaldado por US$ 4 bilhões no banco, prontos para o uso, Ichiro Kono promete um legado de cem anos e afirma que o COI tem certeza de que "não haverá elefante branco".
E não é só no lado financeiro que a equipe de avaliação do COI que chega hoje ao Rio para analisar a proposta carioca para os Jogos-16 deve experimentar um contraste com o que verificou do outro lado do mundo.
""A proposta de Tóquio-2016 é a que oferece estabilidade financeira em meio à recessão global. O governo metropolitano de Tóquio destinou US$ 4 bilhões, que estão no banco e prontos para serem usados. Nosso orçamento, realista, é calcado na segunda maior economia do mundo", diz Kono.
Ao falar sobre orçamento, o dirigente engatou um outro assunto no qual acredita que os japoneses têm vantagem.
""O valor que já temos é mais que o que pretendemos empregar em instalações e infraestrutura porque 23 das 34 instalações já existem", diz. ""O Japão tem ampla experiência em receber grandes eventos, foram Mundiais de 35 modalidades somente na última década."
No quesito legado, o contraste já se mostra evidente.
O Rio enfrenta dificuldades para usar instalações edificadas para o Pan-2007 (exceções feitas à Arena Multiuso, transferida à iniciativa privada e hoje palco de shows, não de jogos, e ao estádio João Havelange, repassado ao Botafogo).
Tóquio prevê reutilizar praças da Olimpíada de 1964, como os ginásios para judô, handebol e tênis de mesa e um estádio para futebol, por exemplo.
""O COI deixou claro que tem confiança de que não haverá elefantes brancos. Tóquio- -2016 celebra e usa o legado de 1964 para destacar a sustentabilidade do Movimento Olímpico. Instalações de 1964 ainda estão em uso hoje. É isso que os Jogos devem proporcionar ao país-sede", argumenta Kono.
""Com Tóquio-2016, almejamos um legado de cem anos. Serão necessárias somente seis novas instalações temporárias e cinco permanentes. E todas preparadas para garantir uso de longo prazo em prol da saúde pública", aponta ele.
Se no Japão cerca de dois terços das instalações já estão prontas, no Rio esse percentual é um pouco superior a 50%.
Principal defensor do Pan entre os políticos, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) publicou em seu "ex-blog" recentemente uma lista de oito aspectos da candidatura carioca à Olimpíada de 2016 que, segundo ele, já enfrentam atrasos.
Entre eles, afirma, estão "os gastos federais, estaduais e municipais previstos que já deveriam estar presentes no PPA [plano plurianual]".
A candidatura do Rio já há algum tempo amarga situação de fragilidade. Em relação a Tóquio, as diferenças começaram na pré-avaliação do comitê, quando os japoneses passaram em primeiro lugar e o Rio em último -atrás inclusive de Doha, excluída por ter proposto os Jogos fora da janela estipulada pelo COI no calendário.
Mas há aspectos que podem favorecer o pleito do Rio, até no aspecto econômico. A crise global, que atingiu em cheio a economia japonesa, não produziu danos similares no Brasil.
E Tóquio, entre as quatro candidatas (as demais são Chicago e Madri), é a única que já recebeu uma edição dos Jogos, evento que, em mais de cem anos de história, nunca foi realizado na América do Sul.


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