São Paulo, quarta-feira, 27 de maio de 2009

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TÊNIS

Tem que insistir


A torcida deve homenagem a quem, como o empresário Roger Wright, ainda acredita e aposta no tênis nacional


RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

HÁ MAIS ou menos dez dias, Roger Wright, brasileiro, rico, tenista amador nas horas vagas, planejava descer de São Paulo, onde morava, para Santos. Às vésperas de Roland Garros, não estava interessado no que se passava em Paris: queria mesmo assistir ao Future de Santos, torneio feminino com jovens em início de carreira.
Não deu. Na sexta à noite, Wright morreu vítima de um acidente com um avião monomotor, ele e a família, quando chegavam a Trancoso, tragédia amplamente noticiada.
Mais do que um mero apaixonado por tênis, foi um entusiasta que acreditou que este país poderia ter uma tenista entre as melhores do mundo -e não se furtou a gastar do seu próprio dinheiro para isso. Há cerca de sete anos, Wright, em
um bate-papo depois de um jogo de tênis em sua casa, mostrou-se indignado com o fato de o pais não ter uma única top 100 no ranking feminino. Entre os que ouviram seus lamentos, estavam a ex-tenista Vanessa Menga e o velejador Robert Scheidt. Fazia, então, 13 anos que o país passava longe da elite.
Diferentemente de grã-finos e não tão finos que só criticam, Wright decidiu fazer algo. Chegou ao ex-tenista Carlos Alberto Kirmayr e pediu estudos. Seria possível ter uma tenista entre as melhores do mundo? Qual seria o preço da "ousadia"? Wright foi o primeiro investidor e o maior incentivador do Instituto Lob, que, desde então, ainda sob o comando de Kirmayr, tenta colocar uma brasileira entre as top 100.
Uma de suas últimas decisões foi renovar por um ano o apoio ao projeto. Em 2009, completam-se duas décadas que nenhuma brasileira fica entre as cem. "Tem que insistir, tem que abrir o caminho", repetia.
Como Wright, existem país afora outros que ainda acreditam no tênis -e literalmente apostam seu dinheiro. O cenário atual é ruim? Sem eles seria ainda mais desanimador.
Pois entre a facilidade de só reclamar e a coragem de apostar do próprio bolso, a torcida deve, no mínimo, sincera homenagem a homens que, como Wright, ainda acreditam que sempre é possível vencer.

EM PARIS
A satisfação de ver quatro brasileiros no Aberto da França foi proporcional à decepção de ver a eliminação de todos na primeira rodada.

EM SÃO PAULO
O sueco Thomas Enqvist derrotou Fernando Meligeni por 2 a 0 na final do Grand Champions Brasil, no domingo, no Clube Hebraica. Pelo terceiro lugar, Henri Leconte (FRA) bateu Paul Haarhuis (HOL).

PELO BRASIL
Julio Silva ficou com o título do Future de Uberlândia ao vencer José Pereira Jr., no Praia Clube. Nesta semana, a academia Strang recebe o Future de Ribeirão Preto (SP).

reandaku@uol.com.br


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