São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 2011

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Corinthians vai ao mercado por arena

2014
Empresa ouvida pelo clube diz que faz Itaquerão por R$ 600 mi, o preço do projeto, segundo arquiteto

BERNARDO ITRI
EDUARDO OHATA
DO PAINEL FC
MARTÍN FERNANDEZ
DE SÃO PAULO

Uma das empresas convidadas pelo Corinthians para refazer o orçamento do Itaquerão promete construir o estádio por preço muito inferior à última estimativa apresentada pela Odebrecht, que foi de R$ 1,064 bilhão.
A Serpal, construtora do grupo Advento, vai apresentar na próxima semana um orçamento de R$ 600 milhões para construir uma arena com 68 mil lugares, nos padrões da Fifa para a abertura da Copa do Mundo.
Em nota enviada à Folha, a Odebrecht afirma ter fechado com o Corinthians "um acordo para que o clube consultasse outras construtoras, de modo a dar maior transparência ao processo".
Também foram consultadas a Construcap e uma grande empreiteira, que desistiu por não ver como viabilizar financeiramente a obra.
Há duas semanas, numa reunião que teve participação de representantes de Corinthians, Ministério do Esporte, governo estadual e Prefeitura de São Paulo, a Odebrecht apresentou uma estimativa de custo da arena.
O valor, superior a R$ 1 bilhão, não foi aceito, e os órgãos públicos se recusaram a investir diretamente na obra.
O Corinthians, então, passou a atuar em duas frentes para fazer o preço do estádio "voltar" a R$ 650 milhões.
De um lado, Andres Sanchez pediu a ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pressionar a Odebrecht a reduzir o preço.
Do outro, Luis Paulo Rosenberg, diretor de marketing do clube, procurou concorrentes da empreiteira.
Uma delas foi a Serpal, que trabalha em parceria com o engenheiro Marcelo Tessler.
"O preço é R$ 600 milhões, e pode variar 10% para mais ou para menos", disse à Folha Juan Quirós, dono do grupo Advento. "O clube nos procurou, e não poderíamos recusar ajuda", falou.
Quirós cogita estar sendo usado pelo clube para pressionar a Odebrecht a baixar o preço. "É um risco que eu aceito correr", afirmou. "Não preciso construir sozinho, posso fazer em parceria com a própria Odebrecht."
Quirós acrescentou que seu orçamento fecha com o empréstimo do BNDES e os benefícios oferecidos pela Prefeitura de São Paulo. Ele hesita, porém, em dar garantias de sua empresa ao banco federal para conseguir o empréstimo de R$ 400 milhões. "Os naming rights garantem o empréstimo", argumenta.
Em 2010, a Serpal ofereceu uma proposta de estádio, preterida pelo projeto da Odebrecht. O orçamento atual é feito de acordo com esse projeto, elaborado pelo arquiteto Aníbal Coutinho.
"Fiquei sabendo do valor de R$ 1 bilhão pela imprensa, nunca alguém da Odebrecht me apresentou esse número", disse Coutinho.
"Não tenho nenhuma desconfiança da Odebrecht", acrescentou. "Fiz o projeto dentro da projeção que o Corinthians estabeleceu, de R$ 650 milhões, atendidas as demandas da Fifa para o estádio ter a abertura."
O Corinthians não quis se pronunciar sobre o caso.


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