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TOSTÃO
A arte no gol de bico
A Alemanha já está na
final. Daqui a pouco,
conheceremos o outro
finalista. O Brasil é o favorito.
Ronaldo vai jogar. Edílson será o substituto de Ronaldinho.
Com Edílson, o time fica com
três atacantes (Edílson, Rivaldo e Ronaldo) e três volantes
(Edmilson, Kleberson e Gilberto Silva). Rivaldo terá de
jogar mais recuado, onde ele
mais gosta e atua pior.
Estou no ônibus da imprensa, a caminho do estádio. O
tempo está frio, chuvoso e feio.
Não se vê na cidade um único
sinal de que será disputada
uma semifinal de Copa do
Mundo. Total indiferença da
maioria dos japoneses.
As cidades japonesas são
idênticas às americanas, com
seus prédios altos de vidro e
enormes viadutos. Prefiro as
cidades européias, com suas
construções pequenas, antigas
e charmosas.
Diferentemente da partida
amarrada contra a Inglaterra,
em que houve poucas chances
de gols dos dois lados, Brasil e
Turquia fizeram uma excelente partida. Os dois times,
principalmente o Brasil, perderam muitos gols.
A seleção brasileira teve
muitas facilidades no ataque e
só não fez mais gols porque
Edílson jogou mal, Ronaldo
não estava bem fisicamente e
pelos erros nas finalizações.
Roberto Carlos e Cafu tiveram espaços para atacar e
atuaram muito bem, além de
Marcos, Rivaldo e Gilberto Silva, que fez sua melhor partida
na Copa-2002.
Os zagueiros foram bem defensivamente, mas atuaram
muito mal na saída de bola.
Erraram muitos passes e perderam várias vezes a bola na
intermediária do Brasil.
Kleberson foi discreto, mas
sabe se posicionar como um
jogador de meio-campo, o que
não acontecia com Juninho.
O Brasil agora tem meio-campo, mas ainda de pouco
talento.
No segundo tempo, a Turquia pressionou, teve mais a
posse de bola, chegou com facilidade à intermediária do
Brasil, mas não soube finalizar. Falta à Turquia o que sobra no Brasil: talento ofensivo.
Ninguém entendeu a entrada do Belletti no lugar do Kleberson, contundido.
Luizão, que substituiu Ronaldo, não aproveitou os
enormes espaços na defesa da
Turquia, que foi toda para a
frente. Ronaldo saiu do jogo
no momento mais fácil para
que alguém brilhasse.
O gol do Ronaldo, driblando
em velocidade, seguido de um
chute de bico, no canto -era
a única maneira de finalizar,
porque a bola estava colada
nos pés-, foi maravilhoso.
Lembrou o gol do Romário
contra a Suécia, em 1994.
Somente os craques iluminados, gênios da bola, conseguem fazer isso.
Romário e Ronaldo deram
status e colocaram arte no gol
de bico.
tostão.folha@uol.com.br
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