São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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TOSTÃO

A arte no gol de bico

A Alemanha já está na final. Daqui a pouco, conheceremos o outro finalista. O Brasil é o favorito. Ronaldo vai jogar. Edílson será o substituto de Ronaldinho. Com Edílson, o time fica com três atacantes (Edílson, Rivaldo e Ronaldo) e três volantes (Edmilson, Kleberson e Gilberto Silva). Rivaldo terá de jogar mais recuado, onde ele mais gosta e atua pior.
Estou no ônibus da imprensa, a caminho do estádio. O tempo está frio, chuvoso e feio. Não se vê na cidade um único sinal de que será disputada uma semifinal de Copa do Mundo. Total indiferença da maioria dos japoneses.
As cidades japonesas são idênticas às americanas, com seus prédios altos de vidro e enormes viadutos. Prefiro as cidades européias, com suas construções pequenas, antigas e charmosas.
Diferentemente da partida amarrada contra a Inglaterra, em que houve poucas chances de gols dos dois lados, Brasil e Turquia fizeram uma excelente partida. Os dois times, principalmente o Brasil, perderam muitos gols.
A seleção brasileira teve muitas facilidades no ataque e só não fez mais gols porque Edílson jogou mal, Ronaldo não estava bem fisicamente e pelos erros nas finalizações.
Roberto Carlos e Cafu tiveram espaços para atacar e atuaram muito bem, além de Marcos, Rivaldo e Gilberto Silva, que fez sua melhor partida na Copa-2002.
Os zagueiros foram bem defensivamente, mas atuaram muito mal na saída de bola. Erraram muitos passes e perderam várias vezes a bola na intermediária do Brasil.
Kleberson foi discreto, mas sabe se posicionar como um jogador de meio-campo, o que não acontecia com Juninho.
O Brasil agora tem meio-campo, mas ainda de pouco talento.
No segundo tempo, a Turquia pressionou, teve mais a posse de bola, chegou com facilidade à intermediária do Brasil, mas não soube finalizar. Falta à Turquia o que sobra no Brasil: talento ofensivo.
Ninguém entendeu a entrada do Belletti no lugar do Kleberson, contundido.
Luizão, que substituiu Ronaldo, não aproveitou os enormes espaços na defesa da Turquia, que foi toda para a frente. Ronaldo saiu do jogo no momento mais fácil para que alguém brilhasse.
O gol do Ronaldo, driblando em velocidade, seguido de um chute de bico, no canto -era a única maneira de finalizar, porque a bola estava colada nos pés-, foi maravilhoso. Lembrou o gol do Romário contra a Suécia, em 1994.
Somente os craques iluminados, gênios da bola, conseguem fazer isso.
Romário e Ronaldo deram status e colocaram arte no gol de bico.

tostão.folha@uol.com.br


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