DOS ENVIADOS A SAITAMA

Nem Pelé nem Garrincha e muito menos Maradona. O primeiro jogador que poderá entrar para a história por ter disputado três finais de Copa do Mundo chama-se Marcos Evangelista de Moraes, 32, paulistano, o Cafu, lateral-direito da seleção brasileira.
O atual capitão da equipe jogou a final da edição de 1994, contra a Itália, e enfrentou a França na decisão de 1998. Caso não se machuque, está mais que confirmado para pegar a Alemanha. Cafu tem certeza de que entrará em campo com a flâmula da CBF na mão.
""Hoje, eu posso falar, sem dúvida nenhuma, com um sorriso de orelha a orelha: ninguém chegou onde eu cheguei. São méritos exclusivos do meu trabalho", afirmou o lateral-direito da Roma (ITA) ontem, em um estilo pouco comum à sua peculiar modéstia.
Não é para menos. O jogador, que nesta Copa também se tornou o atleta brasileiro com maior número de partidas oficiais pela seleção (119, depois da semifinal de ontem), foi alvo de pesadas críticas ao longo de sua carreira.
O pior momento foi o último amistoso feito em solo brasileiro pela seleção de Zagallo antes da Copa de 1998, contra a Argentina, no Maracanã, no Rio. Cerca de 100 mil pessoas vaiaram e hostilizaram o lateral-direito, que havia levado toda a família para vê-lo.
Antes do início deste Mundial, Cafu também entrou em atrito com o técnico Luiz Felipe Scolari, após o treinador ter afirmado que só utilizava o esquema com três zagueiros porque o lateral-direito tinha dificuldades na marcação.
Por ironia, Cafu acabou por se transformar no capitão do time de Scolari depois de o volante Emerson ter sido cortado, lesionado, antes mesmo da estréia na Copa. O destino, agora, lhe acena com a possibilidade de levantar a taça de campeão neste domingo.
""É maravilhoso, mas ainda precisamos ganhar o título. Para isso, temos que continuar a fazer tudo da mesma maneira, com muito trabalho e dedicação", afirmou.
Do time atual, o atacante Ronaldo também estava no grupo que venceu o Mundial de 1994, mas não entrou em nenhuma partida.
Já Cafu foi um dos destaques da decisão contra a Itália, com um cruzamento perfeito para Romário, que, na área, perdeu o gol.
Revelado pelo São Paulo, o lateral-direito fez parte da equipe que era treinada pelo ex-técnico da seleção Telê Santana, que o jogador considera peça fundamental em seu desenvolvimento como atleta.
Garrincha e Pelé, maiores ícones do futebol brasileiro, não jogaram três finais por causa da fraca campanha em 1966. Após isso, Guarrincha, que já tinha duas decisões, não voltou à Copa. Já Pelé atuou nas de 1958 e 1970, mas não na de 1962, por estar lesionado.
Maradona jogou finais em 1986 e 1990. Em 1994, com o meia suspenso, a Argentina foi eliminada antes da decisão. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, RODRIGO BUENO E SÉRGIO RANGEL)


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