São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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CBF já teme racha entre atletas

Disputa por vagas na seleção entre veteranos e novatos cresce e leva preocupação à família Teixeira

Parreira deixou evidente seu desconforto ao se dizer preocupado com a atuação de Gilberto Silva, rival de Emerson, contra japoneses


DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH

Considerados homens de confiança por Carlos Alberto Parreira, os veteranos viraram dor de cabeça para o treinador. Ele pisa em ovos para não melindrar a turma de Ronaldo, Cafu e Roberto Carlos.
O técnico teve de pensar nisso antes de escalar o time contra Gana. Só anunciará a escalação pouco antes da partida, mas já a revelou aos jogadores.
Ainda que de forma branda, os mais velhos defendem a manutenção no time dos jogadores com mais tempo de casa. Mesmo sem entrar em choque com o chefe, já mostraram a ele a preferência por jogar com quem é titular antigo. Deixam isso claro em entrevistas. E sinalizaram essa vontade em algumas conversas com Parreira.
A situação já chegou aos ouvidos da cúpula da CBF. Amigos de Marco Antônio Teixeira, tio do presidente da entidade, Ricardo Teixeira, dizem que ele está preocupado com o fato.
Afirmam que Marco Antônio, secretário-geral da confederação, teme um racha entre os veteranos e os mais novos.
Parreira já dá sinais de sentir a pressão. O temor talvez justifique o fato de o técnico ter demonstrado, contra o Japão, preocupação com a boa atuação de Gilberto Silva, concorrente de Emerson, um dos veteranos. Ficou aflito com a possibilidade de tirar Emerson do time titular, segundo leitura labial encomendada pela TV Globo.
O volante não escondera a sua insatisfação por ser substituído na partida contra a Austrália. Ele é um dos melhores amigos de Cafu na equipe.
Juninho sentiu na pele a pressão dos veteranos. Internamente, o meia foi criticado pelos colegas por ter valorizado a atuação da equipe, recheada de reservas, sobre o Japão.
Um dos mais irritados, Roberto Carlos deu entrevistas minimizando o triunfo. Disse que jogar classificado e contra um adversário disposto a atacar facilitou o trabalho do time.
O lateral-esquerdo não jogou. Cafu, Emerson, Zé Roberto e Adriano também não.
Eles tinham dito que queriam atuar. Cafu foi o mais enfático. Afirmou que precisava jogar porque tem "recordes para quebrar". Ao entrar em campo hoje, ele se tornará o jogador que mais vezes vestiu a camisa da seleção em Copas.
Ontem, o capitão tratou do tema com bom humor. "Contra o Japão, eu fazia aquecimento ao lado dele [Parreira] para ver se ele me colocava para jogar."
Os jogadores mais jovens já elegeram um líder no time: Kaká. O meia chegou a criticar publicamente a lentidão de Ronaldo e Adriano, apesar de não citar o nome dos dois -referiu-se aos atacantes. Ele defendeu Ronaldinho ao dizer que o futebol do colega rende mais no Barcelona porque lá joga com um atacante rápido, Eto'o.
Ao contrário da maioria dos atletas com mais tempo na seleção, Kaká tem jogado bem desde o início da preparação para o Mundial. Isso o deixa mais à vontade para fazer cobranças, apesar de querer evitar atrito com os companheiros e também com o treinador. (EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)

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