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CBF já teme racha entre atletas
Disputa por vagas na seleção entre veteranos e novatos cresce e leva preocupação à família Teixeira
Parreira deixou evidente seu desconforto ao se dizer preocupado com a atuação de Gilberto Silva, rival de Emerson, contra japoneses
DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH
Considerados homens de
confiança por Carlos Alberto
Parreira, os veteranos viraram
dor de cabeça para o treinador.
Ele pisa em ovos para não melindrar a turma de Ronaldo, Cafu e Roberto Carlos.
O técnico teve de pensar nisso antes de escalar o time contra Gana. Só anunciará a escalação pouco antes da partida, mas
já a revelou aos jogadores.
Ainda que de forma branda,
os mais velhos defendem a manutenção no time dos jogadores com mais tempo de casa.
Mesmo sem entrar em choque
com o chefe, já mostraram a ele
a preferência por jogar com
quem é titular antigo. Deixam
isso claro em entrevistas. E sinalizaram essa vontade em algumas conversas com Parreira.
A situação já chegou aos ouvidos da cúpula da CBF. Amigos de Marco Antônio Teixeira,
tio do presidente da entidade,
Ricardo Teixeira, dizem que ele
está preocupado com o fato.
Afirmam que Marco Antônio, secretário-geral da confederação, teme um racha entre
os veteranos e os mais novos.
Parreira já dá sinais de sentir
a pressão. O temor talvez justifique o fato de o técnico ter demonstrado, contra o Japão,
preocupação com a boa atuação
de Gilberto Silva, concorrente
de Emerson, um dos veteranos.
Ficou aflito com a possibilidade
de tirar Emerson do time titular, segundo leitura labial encomendada pela TV Globo.
O volante não escondera a
sua insatisfação por ser substituído na partida contra a Austrália. Ele é um dos melhores
amigos de Cafu na equipe.
Juninho sentiu na pele a
pressão dos veteranos. Internamente, o meia foi criticado
pelos colegas por ter valorizado
a atuação da equipe, recheada
de reservas, sobre o Japão.
Um dos mais irritados, Roberto Carlos deu entrevistas
minimizando o triunfo. Disse
que jogar classificado e contra
um adversário disposto a atacar
facilitou o trabalho do time.
O lateral-esquerdo não jogou. Cafu, Emerson, Zé Roberto e Adriano também não.
Eles tinham dito que queriam atuar. Cafu foi o mais enfático. Afirmou que precisava
jogar porque tem "recordes para quebrar". Ao entrar em campo hoje, ele se tornará o jogador
que mais vezes vestiu a camisa
da seleção em Copas.
Ontem, o capitão tratou do
tema com bom humor. "Contra
o Japão, eu fazia aquecimento
ao lado dele [Parreira] para ver
se ele me colocava para jogar."
Os jogadores mais jovens já
elegeram um líder no time: Kaká. O meia chegou a criticar publicamente a lentidão de Ronaldo e Adriano, apesar de não
citar o nome dos dois -referiu-se aos atacantes. Ele defendeu
Ronaldinho ao dizer que o futebol do colega rende mais no
Barcelona porque lá joga com
um atacante rápido, Eto'o.
Ao contrário da maioria dos
atletas com mais tempo na seleção, Kaká tem jogado bem
desde o início da preparação
para o Mundial. Isso o deixa
mais à vontade para fazer cobranças, apesar de querer evitar atrito com os companheiros
e também com o treinador.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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