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Meio a zero
No mata-mata com seca de gols, Brasil esquece jogo bonito e prega eficácia para superar Gana
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A BERGISCH GLADBACH
Os gols estão em falta. O desejável, nas oitavas-de-final da
Copa da Alemanha, é o resultado. Sem show, sem espetáculo.
É a regra do Mundial. E a badalada seleção brasileira, cultuada pelo talento de seus jogadores, de quem sempre se espera
algo diferente, não foge dela.
Ao menos no discurso, o que
vale hoje para o time de Carlos
Alberto Parreira contra Gana,
às 12h, é vencer, não importa a
maneira, para avançar às quartas-de-final. "O principal é ganhar. Se puder dar espetáculo,
se puder jogar bonito, entre aspas, porque essa palavra não se
aplica ao futebol, tudo bem. O
importante é ter eficiência.
Ninguém é contra jogar bonito
e com eficiência, mas nas oitavas há o fantasma de voltar para casa", avalia Parreira.
As palavras do treinador sintetizam o que se viu nos jogos
de mata-mata na Alemanha.
Foram oitos gols em seis jogos,
média de 1,33 por partida. Ou
seja, em oitavas-de-final, é a
Copa mais pobre em gols.
É pior que a de 1990, na Itália, de futebol defensivo e poucos gols. Naquele Mundial, a rede balançou 2,25 vezes por partida na decisão dos oito melhores. E é pior que a de 1994, vencida por Parreira com um time
de jogo pragmático. Nos EUA,
as oitavas produziram 3,12 gols.
A seca de gols ficou mais evidente ontem. A Itália só conseguiu passar pela Austrália com
um gol solitário nos acréscimos
do segundo tempo. E a Suíça, ao
perder nos pênaltis para a
Ucrânia após empate em 0 a 0,
foi a primeira equipe na história das Copas a ser eliminada
sem sofrer nenhum gol.
Os comandados de Parreira
já assimilaram a maneira de
pensar do técnico, que, hoje, é a
maneira de pensar da Copa.
Ontem, para justificar o "futebol de resultados", os brasileiros citaram o simbólico duelo entre Portugal x Holanda.
Jogo em que, no 1 a 0 para o time de Luiz Felipe Scolari, sobrou pancadaria, com quatro
expulsões, e faltou futebol.
"Eu acho que, se o Brasil chegar às quartas, terá dado espetáculo. Não vi seleção dando espetáculo. O jogo de Portugal foi
muito difícil. O jogo entre Inglaterra e Equador também. A
Argentina empatou com o México e só ganhou na prorrogação", comenta o capitão Cafu.
Jogador que mais atuou com
a camisa da seleção, o lateral-direito dá uma volta na história
do time nacional para justificar
sua opção pelo "resultado".
"A seleção de 1982, que não
ganhou, para vocês [jornalistas] foi a melhor. Para mim, foram as de 1994, 1998 e 2002.
Acho que jogar bem, dar espetáculo, é muito relativo. O importante é a vitória", afirma Cafu, alfinetando o time que deu
espetáculo na Espanha, em
1982, mas caiu na segunda fase.
Até de quem se espera o algo
a mais, o discurso não dá esperança de mudança. "O jogo bonito está de lado, todo mundo
está objetivo e eficiente, todos
buscam o resultado, e não jogar
bem", diz Kaká, integrante do
quarteto ofensivo, que ganhou
o apelido de mágico.
Um empate com Gana hoje
leva o jogo à prorrogação. Mantida a igualdade, a decisão será
nos pênaltis. O vencedor pega
Espanha ou França, que também se enfrentam hoje, às 16h.
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