São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Seleção vê 1º protesto contra Chávez

Estudantes invadem hotel da equipe e aproveitam saída dos jogadores para o treino para criticar governo da Venezuela

Atletas brasileiros entraram no ônibus que os levou ao treino após passarem por cordão de isolamento feito por militares venezuelanos


Antônio Gaudério/Folha Imagem
Robinho, assustado com o protesto contra o governo Chávez, dá autógrafo no hotel da seleção


DO ENVIADO ESPECIAL A PUERTO ORDAZ

Era apenas questão de tempo. Ontem, um dia antes da estréia na Copa América, o Brasil sentiu de perto o clima político que toma conta da Venezuela e da competição continental.
Um protesto de estudantes dentro do hotel da seleção em Puerto Ordaz assustou jogadores e teve que ser coibido pela segurança. A ação aconteceu de surpresa, no momento em que a delegação saía para fazer o seu treinamento da tarde.
""É uma manifestação pacífica. Vamos respeitar os limites. Não queremos estragar a Copa América, mas queremos mostrar nossa revolta contra o fechamento da RCTV [o presidente venezuelano, Hugo Chávez, decidiu não renovar a concessão do canal] e gritar por liberdade", disse Nicolás Bianco, 22, estudante da Universidad Católica que foi ao hotel.
Cerca de 15 estudantes ficaram camuflados e começaram a erguer faixas e a gritar quando os jogadores saíam dos elevadores rumo ao ônibus. Nas faixas, frases como ""Por um país sem uniforme". Nos gritos, ""Liberdade e Expressão".
""Vocês estão vendo todos os problemas desta Copa América. Tudo aqui está sendo maquiado. É uma propaganda política do governo Chávez", falou Pedro Rojas, 21, também aluno da Universidad Católica.
A reportagem da Folha descia em um dos elevadores do hotel com alguns jogadores quando já podiam ser ouvidos os protestos. Os zagueiros Alex e Alex Silva, que tentavam traduzir os gritos dos jovens, e o lateral Gilberto saíram com receio do elevador.
Uma fila de militares impediu uma aproximação maior dos estudantes dos jogadores brasileiros. Os atletas, porém, passaram a cerca de dois metros dos manifestantes.
A confusão aumentou quando pessoas favoráveis a Chávez no hotel começaram a gritar ""Fora" para os estudantes. A segurança retirou, então, o grupo de jovens do hotel.
Está prevista para hoje uma grande concentração de estudantes desde cedo em Puerto Ordaz para protestar contra o governo Chávez.
A segurança em Puerto Ordaz é numerosa como em Puerto La Cruz, com militares escoltando a seleção brasileira o tempo todo. A ação de ontem foi a primeira contra o governo Chávez em meio à Copa América.0 (RODRIGO BUENO)


Texto Anterior: Régis Andaku: Chuva e trovoada para os ingleses
Próximo Texto: Em território inimigo: EUA deixam QG e já treinam em Maracaibo para a estréia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.