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Solto
Arranques fulminantes e festival de finalizações fazem de Messi, agora "livre" também na Argentina, o jogador mais perigoso
da Copa-2010
DO ENVIADO A PRETÓRIA
Nenhum jogador foi tão
perigoso individualmente na
primeira fase da Copa-2010
quanto Messi. É o que indicam as estatísticas da Fifa e é
o que mostra o temor dos adversários ao marcá-lo.
Seu desempenho foi tão
superior a outros que levou
seu técnico, Maradona, a pedir a coroa para o pupilo.
Análise precoce, diga-se,
pois agora começam os mata-matas do Mundial.
Mas Messi se revela como
um fator de desequilíbrio ao
ser responsável por 18 corridas solitárias em direção ao
gol, segundo a Fifa.
Dessas, só duas foram desarmadas com sucesso pelos
rivais. Ninguém se aproximou desse desempenho.
Não foram arrancadas em
vão. É também do camisa 10
o maior número de chutes a
gol do Mundial: foram 20.
Pode-se alegar que a falta
de gols compromete sua objetividade. Mas essa afirmação se esvai quando se constata que 11 de seus chutes foram na meta. Dois na trave.
Os números não traduzem
a plasticidade dos lances que
Messi protagonizou. Como
quando, em três corridas sem
ser contido, finalizou com
chutes em curva para defesas
do nigeriano Enyeama, na
estreia argentina na Copa.
Nada surpreendente
quando se lembra que foi o
melhor do mundo com a camisa do Barcelona. Mas representa uma virada quando
se rememora seu desempenho na seleção, de parcos resultados nas eliminatórias.
"Estou solto na seleção. É
a primeira vez que acontece", contou Messi, em entrevista ao "Olé". Admitiu que,
se a seleção fosse um clube,
teria pedido transferência
para outro time. "Mal pisava
no país e me criticavam."
Ao sair da Argentina, aos
12 anos, para o time espanhol, perdeu os vínculos. Era
visto como estrangeiro em
casa. Quem convivia com ele
na seleção o via retraído.
A chegada de Maradona
ajudou, mas foi o hábito de
estar com o grupo atual na
preparação antes da Copa
que o deixou à vontade.
Messi reduziu suas partidas de PlayStation e as trocou pelo baralho: truco com
técnico e companheiros. Foi
colocado no quarto com Verón, o mais experiente do
grupo, que virou seu tutor.
Arranjou em Pretória, cidade em que o time se concentra na África do Sul, uma
casa, onde estão seus irmãos
e a namorada. Lá passa as
folgas e comemorou seu aniversário de 23 anos.
Maradona ainda lhe cedeu
a tarja de capitão quando
Mascherano foi poupado.
Integrado, Messi não só
protagonizou corridas solitárias como se tornou um dos
mais participativos do time.
Foram 217 passes na primeira
fase da Copa, mais de 70 por
jogo. É o argentino que mais
tocou na bola e o quarto em
um Mundial em que os volantes costumam prevalecer
com seus toques laterais.
Resultado de um Messi
que, agora, olha no olho do
interlocutor, como observou
Maradona. Fala verdades
doídas, chama adversários
de sujos, impõe-se. Bem longe da imagem do jovem passivo impotente no banco argentino na eliminação diante
da Alemanha em 2006.
"Está amadurecendo. Já
não é aquele garoto de 18
anos. É natural", crava Maradona.
(RODRIGO MATTOS)
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