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FUTEBOL
Entidade não referendou proposta de esticar o Brasileiro em 2003
CBF afirma que calendário quadrienal não foi rasgado
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
Para acalmar as federações, o
presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse que o calendário de
2003 que prevê um Brasileiro disputado em oito meses ainda não
foi referendado pela entidade.
"A CBF entende que o calendário quadrienal, aprovado no ano
passado pelo clubes, pelo governo
e por representantes de outros setores ligados ao futebol, ainda está
valendo", afirmou Teixeira.
De acordo com o quadrienal,
gestado em meio às CPIs do futebol do ano passado, o Campeonato Brasileiro deve ser disputado
até 2004 no segundo semestre, entre agosto e dezembro.
O primeiro semestre seria utilizado para a disputa dos Estaduais
e das copas regionais. "Até agora,
tudo que foi acordado na ocasião
a CBF cumpriu", afirmou.
A proposta de ampliação do
Brasileiro-2003 partiu da TV Globo, dona dos direitos de transmissão do torneio, com base em um
estudo encabeçado pelo Ministério do Esporte, por meio de uma
comissão especial da qual o próprio presidente da CBF fez parte.
A idéia da emissora, apoiada pela direção do Clube dos 13, é dar
início ao Campeonato Brasileiro
ainda em abril. A final do torneio
seria disputada em dezembro.
Os torneios estaduais e regionais ficariam com apenas dez datas para contarem com os times
grandes. No segundo semestre, o
Brasileiro sofreria a concorrência
de uma copa intercontinental. De
acordo com a emissora, essa seria
a única maneira de minimizar a
grave crise financeira do setor.
O estudo do Ministério do Esporte reserva 12 datas no primeiro
semestre para os Estaduais e os
regionais. No entender das federações, a fórmula decretaria o fim
das entidades, que perderiam seu
maior "filé", os clubes grandes.
"Morte do futebol"
O projeto da comissão especial
ainda sugere a realização de duas
copas intercontinentais já no primeiro semestre, uma delas seria a
Libertadores. "Nós do governo
entendemos que o calendário é
um dos pilares para se reformular
o futebol", disse José Luiz Portella, ministro interino do Esporte.
O Brasileiro seria administrado
pela Liga Nacional de Clubes, reconhecida pela CBF conforme
acordo selado em 2001.
"Para as federações é a morte.
Mas será também a morte do futebol, porque nós sempre trabalhamos com a base", afirmou
Emídio Perondi, presidente da
Federação Gaúcha de Futebol.
Na última quarta-feira, os dirigentes das principais federações
se reuniram no Rio de Janeiro e
deram um prazo até setembro para que a CBF se posicionasse em
relação ao assunto. Eles ameaçaram pedir o afastamento de Teixeira com base na medida provisória 39, que está no Congresso.
"A CBF tem que administrar
uma crise entre seus dois filiados,
os clubes e as federações. Acho
que por ela, a entidade, o Brasileiro teria turno e returno", observa
Álvaro Melo Filho, advogado especializado em direito esportivo.
"É um momento difícil para o futebol", completa ele.
Teixeira afirmou que pode aceitar abandonar o calendário quadrienal, desde que haja um consenso entre todas as partes que
participaram de sua elaboração,
entre elas a TV Globo.
O calendário quadrienal surgiu
em março do ano passado em
uma cerimônia em Brasília, no
Ministério do Esporte e Turismo.
Na ocasião, participaram do
evento Teixeira, o então ministro
Carlos Melles, o presidente do
Clube dos 13, Fábio Koff, o ex-ministro Pelé e o presidente de honra da Fifa, João Havelange.
A iniciativa também contou
com o apoio de Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol e da Liga Rio-São
Paulo. A maior inovação do calendário foram o aumento no
tempo de disputa dos torneios regionais, no primeiro semestre, o
inchaço da Copa dos Campeões e
o fim da Copa Mercosul.
Mas o modelo apresentou falhas, especialmente no primeiro
semestre, como excesso de jogos
entre os mesmos clubes e o grande tempo de inatividade a que foram submetidos alguns clubes.
O presidente da CBF, que está licenciado, deve retornar à entidade no próximo mês.
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