São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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FUTEBOL

Entidade não referendou proposta de esticar o Brasileiro em 2003

CBF afirma que calendário quadrienal não foi rasgado

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

Para acalmar as federações, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse que o calendário de 2003 que prevê um Brasileiro disputado em oito meses ainda não foi referendado pela entidade.
"A CBF entende que o calendário quadrienal, aprovado no ano passado pelo clubes, pelo governo e por representantes de outros setores ligados ao futebol, ainda está valendo", afirmou Teixeira.
De acordo com o quadrienal, gestado em meio às CPIs do futebol do ano passado, o Campeonato Brasileiro deve ser disputado até 2004 no segundo semestre, entre agosto e dezembro.
O primeiro semestre seria utilizado para a disputa dos Estaduais e das copas regionais. "Até agora, tudo que foi acordado na ocasião a CBF cumpriu", afirmou.
A proposta de ampliação do Brasileiro-2003 partiu da TV Globo, dona dos direitos de transmissão do torneio, com base em um estudo encabeçado pelo Ministério do Esporte, por meio de uma comissão especial da qual o próprio presidente da CBF fez parte.
A idéia da emissora, apoiada pela direção do Clube dos 13, é dar início ao Campeonato Brasileiro ainda em abril. A final do torneio seria disputada em dezembro.
Os torneios estaduais e regionais ficariam com apenas dez datas para contarem com os times grandes. No segundo semestre, o Brasileiro sofreria a concorrência de uma copa intercontinental. De acordo com a emissora, essa seria a única maneira de minimizar a grave crise financeira do setor.
O estudo do Ministério do Esporte reserva 12 datas no primeiro semestre para os Estaduais e os regionais. No entender das federações, a fórmula decretaria o fim das entidades, que perderiam seu maior "filé", os clubes grandes.

"Morte do futebol"
O projeto da comissão especial ainda sugere a realização de duas copas intercontinentais já no primeiro semestre, uma delas seria a Libertadores. "Nós do governo entendemos que o calendário é um dos pilares para se reformular o futebol", disse José Luiz Portella, ministro interino do Esporte.
O Brasileiro seria administrado pela Liga Nacional de Clubes, reconhecida pela CBF conforme acordo selado em 2001.
"Para as federações é a morte. Mas será também a morte do futebol, porque nós sempre trabalhamos com a base", afirmou Emídio Perondi, presidente da Federação Gaúcha de Futebol.
Na última quarta-feira, os dirigentes das principais federações se reuniram no Rio de Janeiro e deram um prazo até setembro para que a CBF se posicionasse em relação ao assunto. Eles ameaçaram pedir o afastamento de Teixeira com base na medida provisória 39, que está no Congresso.
"A CBF tem que administrar uma crise entre seus dois filiados, os clubes e as federações. Acho que por ela, a entidade, o Brasileiro teria turno e returno", observa Álvaro Melo Filho, advogado especializado em direito esportivo. "É um momento difícil para o futebol", completa ele.
Teixeira afirmou que pode aceitar abandonar o calendário quadrienal, desde que haja um consenso entre todas as partes que participaram de sua elaboração, entre elas a TV Globo.
O calendário quadrienal surgiu em março do ano passado em uma cerimônia em Brasília, no Ministério do Esporte e Turismo. Na ocasião, participaram do evento Teixeira, o então ministro Carlos Melles, o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, o ex-ministro Pelé e o presidente de honra da Fifa, João Havelange.
A iniciativa também contou com o apoio de Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol e da Liga Rio-São Paulo. A maior inovação do calendário foram o aumento no tempo de disputa dos torneios regionais, no primeiro semestre, o inchaço da Copa dos Campeões e o fim da Copa Mercosul.
Mas o modelo apresentou falhas, especialmente no primeiro semestre, como excesso de jogos entre os mesmos clubes e o grande tempo de inatividade a que foram submetidos alguns clubes.
O presidente da CBF, que está licenciado, deve retornar à entidade no próximo mês.



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