São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Endinheirada, natação amarga um único brasileiro top

Mesmo com investimento recorde, modalidade chega a Pequim com somente Thiago Pereira, nos 200 m medley, entre os cinco melhores da temporada

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A MACAU

No último ciclo olímpico, a natação brasileira recebeu aporte recorde de verba, blindou seus principais atletas e obteve resultados inéditos. A medida real do sucesso será tirada a partir de 9 de agosto, na Olimpíada de Pequim.
Se os nadadores do país aprimoraram suas braçadas, o resto do mundo nadou ainda mais rápido. O Brasil chega para a reta final de preparação no Centro Olímpico Aquático de Macau com apenas um nome entre os cinco melhores do ano.
Thiago Pereira ocupa tal posição nos 200 m medley. O brasileiro, que brilhou no Pan do Rio, no ano passado, é o sétimo nos 400 m medley. As duas provas têm como líder e recordista mundial o fenômeno Michael Phelps -suas marcas foram obtidas na seletiva olímpica norte-americana.
"Não dá para pensar em Phelps. Avalio meus outros rivais. Eles fizeram o que era esperado nas seletivas dos EUA e da Europa. Na Olimpíada, terão de nadar ainda melhor para ganhar uma medalha", analisa o brasileiro, referindo-se a outro americano, Ryan Lotche (segundo do ranking), e ao húngaro Laslo Cseh (terceiro).
Nos 400 m medley, Thiago fez neste ano tempo quase cinco segundos mais lento que Cseh. Nos 200 m, menos de um segundo o separa do rival.
"A natação foi bem na década de 90, com Gustavo Borges e Fernando Scherer. Em Atenas, não conquistou nenhuma medalha. É normal que a pressão sobre nós aumente. Na minha primeira Olimpíada, eu estava mais ansioso. Agora, mais maduro, consigo lidar melhor com isso", afirma Thiago, quinto nos 200 m medley em 2004.
Nos Jogos gregos, a natação ficou sem ir ao pódio pela primeira vez desde 1988. Por outro lado, atingiu cinco finais olímpicas, mais do que o dobro obtido em Sydney-2000.
Em Pequim, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos acredita ter a equipe mais preparada e versátil da história.
O que põe sob pressão Thiago Pereira, Kaio Márcio e César Cielo, focos de cuidados especiais: mais verba, mais atenção e até a importação de técnico estrangeiro para garantir que eles tenham o melhor desempenho possível na China.
Principal velocista do país, Cielo aparece em nono no ranking dos 100 m livre e em oitavo nos 50 m livre -dois atletas à sua frente, porém, não obtiveram vagas em suas seletivas.
Suas provas assistiram neste ano a uma avalanche de quebras de recordes mundiais.
Em fevereiro, Eamon Sullivan superou a marca de 21s64 dos 50 m livre que pertencia ao russo Alexander Popov desde 2000. Seus 21s56 duraram pouco mais de um mês, até o francês Alain Bernard cravar 21s50. Pouco depois, Sullivan superou a marca mais duas vezes e finalizou em 21s28.
"As marcas me deixaram um pouco assustado na hora. Mas eu sempre estive no nível desses nadadores, já ganhei deles, sei que posso melhorar meus tempos também", diz Cielo.
Situação mais complicada vive Kaio Márcio. Seus tempos nos 100 m e nos 200 m borboleta não o colocam nem entre os dez melhores da temporada.


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