São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DOPING

Entidade máxima do esporte leva em consideração só casos detectados por ela

Casos beiram recorde, mas comitê enxuga a conta dos flagrados

DOS ENVIADOS A ATENAS

A Olimpíada de Atenas tem uma contagem que chama a atenção diariamente, para alguns quase rivalizando com o quadro de medalhas. É a soma dos atletas banidos devido ao uso de doping.
Outra medição que corre paralelamente é a do total de medalhas revistas por causa de esportistas que subiram ao pódio, mas falharam no exame antidoping.
O COI contabilizava oficialmente, até ontem, nove casos de atletas que foram reprovados no exame e cinco que se recusaram a passar pela prova. Todos foram expulsos da Olimpíada.
Mas o número de atletas retirados de competição é ainda maior. Em Atenas, as federações esportivas estão aplicando exames preventivos. Quando o resultado é positivo, o COI é comunicado, e o atleta é impedido de participar.
Por causa da malha fina antidrogas, já são 25 os casos de atletas que não participaram ou tiveram marcas anuladas. A contagem é feita a partir de 30 de julho, data de abertura da Vila Olímpica, quando o COI assumiu a responsabilidade pelos controles.
Após os escândalos que assolaram o esporte no último ano, esse número indica que Atenas-04 deterá o recorde de casos flagrados na história olímpica. Em Los Angeles-84, houve 12 atletas com exames positivos. Em Montréal-76, 11. Em Sydney-00, nove.
A marca -que ratifica a idéia da Wada (Agência Mundial Antidoping) de "tolerância zero" ao doping- já poderia ter sido alcançada. Porém a contabilidade do COI impede que o número de casos seja maior. É que a entidade só considera um caso oficial da Olimpíada quando o atleta é pego em exame feito por ela.
No entanto, pelo Código Mundial Antidoping, quando o competidor se recusa a passar por exame, ele violou as regras do esporte e está sujeito à mesma pena de uma atleta positivo. Tecnicamente, é um caso de doping.
Outro recorde próximo de ser batido é o do total de medalhas cassadas. Ontem, a ucraniana Olena Olefirenko perdeu o bronze que ganhara por equipe na canoagem, ao ser flagrada para um estimulante. Já são dois bronzes e dois ouros devolvidos. Em Seul e Sydney, foram cassadas cinco.
Essa marca deve ser no mínimo igualada. Ontem, o COI anunciou que o húngaro Adrian Annus, ouro no arremesso de martelo, está sob investigação e pode ter que devolver sua medalha.
Seu exame não detectou nada, mas há uma desconfiança de que tenha havido fraude na coleta de urina. Ele foi procurado para fazer novo exame, mas se recusou.
Para o COI, os Jogos "mais sujos" não são uma notícia tão ruim. "Estamos mostrando o nosso empenho contra a desonestidade", disse o diretor médico da entidade, Patrick Schamasch. Rigor representado por 3.000 testes feitos até domingo, 25% a mais do que em Sydney. (ADALBERTO LEISTER FILHO E MARCELO DIEGO)


Texto Anterior: Atletismo: Pioneiro em Jogos de verão e inverno põe país pela 1ª vez na final dos 110 m
Próximo Texto: Política: Voto de atleta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.