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DOPING
Entidade máxima do esporte leva em
consideração só casos detectados por ela
Casos beiram recorde, mas comitê enxuga a conta dos flagrados
DOS ENVIADOS A ATENAS
A Olimpíada de Atenas tem
uma contagem que chama a atenção diariamente, para alguns quase rivalizando com o quadro de
medalhas. É a soma dos atletas
banidos devido ao uso de doping.
Outra medição que corre paralelamente é a do total de medalhas
revistas por causa de esportistas
que subiram ao pódio, mas falharam no exame antidoping.
O COI contabilizava oficialmente, até ontem, nove casos de
atletas que foram reprovados no
exame e cinco que se recusaram a
passar pela prova. Todos foram
expulsos da Olimpíada.
Mas o número de atletas retirados de competição é ainda maior.
Em Atenas, as federações esportivas estão aplicando exames preventivos. Quando o resultado é
positivo, o COI é comunicado, e o
atleta é impedido de participar.
Por causa da malha fina antidrogas, já são 25 os casos de atletas que não participaram ou tiveram marcas anuladas. A contagem é feita a partir de 30 de julho,
data de abertura da Vila Olímpica, quando o COI assumiu a responsabilidade pelos controles.
Após os escândalos que assolaram o esporte no último ano, esse
número indica que Atenas-04 deterá o recorde de casos flagrados
na história olímpica. Em Los Angeles-84, houve 12 atletas com
exames positivos. Em Montréal-76, 11. Em Sydney-00, nove.
A marca -que ratifica a idéia
da Wada (Agência Mundial Antidoping) de "tolerância zero" ao
doping- já poderia ter sido alcançada. Porém a contabilidade
do COI impede que o número de
casos seja maior. É que a entidade
só considera um caso oficial da
Olimpíada quando o atleta é pego
em exame feito por ela.
No entanto, pelo Código Mundial Antidoping, quando o competidor se recusa a passar por exame, ele violou as regras do esporte
e está sujeito à mesma pena de
uma atleta positivo. Tecnicamente, é um caso de doping.
Outro recorde próximo de ser
batido é o do total de medalhas
cassadas. Ontem, a ucraniana
Olena Olefirenko perdeu o bronze que ganhara por equipe na canoagem, ao ser flagrada para um
estimulante. Já são dois bronzes e
dois ouros devolvidos. Em Seul e
Sydney, foram cassadas cinco.
Essa marca deve ser no mínimo
igualada. Ontem, o COI anunciou
que o húngaro Adrian Annus, ouro no arremesso de martelo, está
sob investigação e pode ter que
devolver sua medalha.
Seu exame não detectou nada,
mas há uma desconfiança de que
tenha havido fraude na coleta de
urina. Ele foi procurado para fazer novo exame, mas se recusou.
Para o COI, os Jogos "mais sujos" não são uma notícia tão ruim.
"Estamos mostrando o nosso empenho contra a desonestidade",
disse o diretor médico da entidade, Patrick Schamasch. Rigor representado por 3.000 testes feitos
até domingo, 25% a mais do que
em Sydney.
(ADALBERTO LEISTER FILHO E MARCELO DIEGO)
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