Dinheiro de Roman Abramovich é a maior esperança de lucro no momento para as diretorias de Santos e São Paulo
Iminente venda de Robinho para o clube inglês daria mais de R$ 4 mi ao time da Vila, e são-paulinos sonham com R$ 10 mi pelo ex-ídolo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na fase final de transferências internacionais neste meio do ano, os clubes brasileiros torcem até mais para vendas de atletas no exterior do que propriamente pela negociação direta de seus jogadores com o mercado lá fora. Isso porque algumas vultosas transações internacionais de atletas podem melhorar muito a conta bancária dos clubes formadores.
Caso Robinho vá para o Chelsea, por exemplo, por 40 milhões (cerca de R$ 96 milhões), o Santos ganharia algo como R$ 4,3 milhões pelas contas do advogado Marcos Motta, que presta serviços para diversos clubes grandes, médios e pequenos do futebol brasileiro.
""Pelo cálculo que fizemos, o Santos teria direito a 4,5% da transferência de Robinho. Não tem direito aos 5% porque ele saiu do clube antes dos 23 anos", falou o advogado, que já cuidou de mais de 300 casos de ""mecanismo de solidariedade".
""O mecanismo de solidariedade é uma forma de proteger o clube formador. Clube comprador já sabe que tem de pagar os formadores. E pelas normas internacionais, o clube tem 30 dias para fazer o pagamento", conta Marcos Motta.
O São Paulo é um dos poucos clubes do país que utilizam um corpo jurídico próprio para lucrar com a venda no exterior de atletas formados em sua base.
""Ainda não fomos atrás do dinheiro referente à última transação do Júlio Baptista [do Real Madrid para a Roma por cerca de R$ 28,8 milhões]. Calculamos que receberemos 3%. Se o Kaká for vendido, nosso percentual será maior, pois ele jogou até como sócio do clube, desde muito cedo", falou José Edgard Galvão Machado, gerente jurídico do São Paulo.
O time do Morumbi, que ficou com apenas 20% do valor de Alex Silva [negociado com o Hamburgo], não deve se desfazer de Hernanes. Assim, poderia ganhar um bom dinheiro mesmo se o Chelsea pagar R$ 215 milhões ao Milan por Kaká.
""Por ano, temos cerca de dez casos de lucro por mecanismo de solidariedade. Às vezes, ganhamos bem, como quando o Barcelona comprou o Edmílson e lucramos 200 mil. O Chelsea seguiu à risca as normas e depositou o dinheiro do Belletti, 80 mil sem que fizéssemos nada", afirmou.
Pela última especulação em torno da venda de Kaká para o Chelsea, o São Paulo faturaria R$ 9,6 milhões, bem mais que o valor que ganhará com a negociação do zagueiro Alex Silva.
O Corinthians lucrou recentemente com a vultosa venda de Jô do CSKA para o Manchester City. Mas o dinheiro chegará em quatro parcelas.
""O Corinthians recebeu a primeira parcela de 163.881 e vai receber outras três nos próximos anos nesse valor porque o Manchester City acertou a compra do Jô em parcelas. Ele chegou ao Corinthians com 11 anos, mas saiu aos 18. Assim, o Corinthians tem direito a 2,5%", diz Ivandro Sanchez, advogado que também presta serviços para inúmeros clubes.
Sanchez confirma que a temporada de transferências diretas decepciona, o que aumenta o desejo dos clubes por vendas no exterior. ""Ano passado, foram 1.100 transferências. Agora, a janela não está aquecida. Aumentam os pleitos dos formadores", conta ele.


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