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Por paz, rivais "domesticam" discurso
Para evitar problemas ocorridos nos confrontos anteriores, jogadores de São Paulo e Corinthians medem as palavras
Diretorias fazem o possível para não esquentar duelo, que já teve briga de torcida, gesto obsceno e bate-boca entre cartolas e jogadores
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram quatro confrontos em
2009. Em todos, a animosidade
entre São Paulo e Corinthians
se estendeu a atletas, comissão
técnica, diretoria ou torcida
dos dois times, que hoje se enfrentam às 16h, no Morumbi.
Por conta do retrospecto de
hostilidade que envolveu o
clássico em 2009, o jogo de hoje
foi cercado de cuidados. Durante a semana, jogadores e cartolas se esmeraram para não dar
espaço para polêmicas.
Tudo para evitar os episódios
que ocorreram nas quatro partidas desta temporada.
O primeiro duelo, em fevereiro, pelo Paulista, foi marcado pela rixa entre as diretorias
corintiana e são-paulina por
conta da cota de ingressos para
visitantes. Como resultado, o
presidente do Corinthians, Andres Sanchez, prometeu não
atuar como mandante no Morumbi durante sua gestão.
Após o empate por 1 a 1, um
tumulto entre torcedores alvinegros e Polícia Militar teve como saldo 49 feridos.
Os dois times voltaram a se
encontrar nas semifinais do Estadual, em abril. No primeiro
jogo, o volante corintiano Cristian foi denunciado na Justiça
após comemorar o gol da vitória com um gesto ofensivo direcionado à torcida tricolor.
No segundo duelo, Ronaldo
chamou o vice de futebol do
São Paulo, Carlos Augusto de
Barros e Silva, de "babaca". Durante a semana do confronto,
vencido pelo Corinthians, o dirigente havia se referido a ele
como um jogador aposentado.
Por fim, os protagonistas de
um bate-boca no quarto e último confronto, em junho (outro
triunfo alvinegro), pelo primeiro turno do Brasileiro, foram o
treinador Mano Menezes e o
auxiliar técnico Milton Cruz.
Mano chamou Cruz de "interino", e este rebateu dizendo
que havia ganhado dois títulos
mundiais. Os dois garantem
que o episódio foi superado.
Desta vez, a estratégia de
apaziguar o confronto foi bem-
-sucedida nas duas equipes, ao
menos antes do clássico.
No Corinthians, o presidente
Andres Sanchez pediu a seus
colaboradores que não criassem atrito com o São Paulo.
A orientação chegou até os
jogadores, que se esforçaram
para dar um tom político às entrevistas desta semana.
O único que destoou foi o atacante Dentinho, ao lembrar
que, aos 13 anos, foi rejeitado
pelas categorias de base do rival. Mesmo assim, tratou de
minimizar a vantagem corintiana no retrospecto recente.
"Não tem essa de freguês. Ganhamos as últimas partidas,
mas cada uma teve uma história. Não vamos colocar fogo no
jogo", declarou o atacante.
Do outro lado, a ordem partiu do técnico Ricardo Gomes,
que proibiu os jogadores de darem entrevistas exclusivas.
Nas coletivas, sobraram elogios ao time montado por Mano Menezes e a Ronaldo.
Entre os cartolas, troca de
gentilezas. "O São Paulo é sempre impessoal. Vamos tratar
bem o Corinthians como tratamos bem todos os adversários
que jogam no Morumbi", disse
João Paulo Jesus Lopes, diretor de futebol do clube.
Dentro de campo, a previsão
é de uma partida dura. Para
Mano, o jogo será "truncado".
"Terá muita marcação, mas são
times técnicos, que querem jogar. Não será um jogo feio", disse Ricardo Gomes.
(CAROLINA ARAÚJO E MARTÍN FERNANDEZ)
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