São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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FUTEBOL

XV de Piracicaba, que tem parceria com time da capital, lanterna do Brasileiro, pode cair para a Série C em 2003

"Palmeiras caipira" agoniza na Série B

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Cara de um, focinho de outro. Essa definição cabe bem para Palmeiras e XV de Piracicaba nos dias de hoje.
A má fase do primeiro parece ter contaminado o segundo. Um é grande, rico e tem muitos jogadores. O outro é pequeno, está endividado e tem atletas modestos.
O grande, então, decidiu ajudar o pequeno. Emprestou alguns jogadores que não estava aproveitando para que o outro ficasse mais forte. Viraram parceiros.
Parceiros de uma agonia que parece não ter fim.
O Palmeiras, o grande, é o último na Série A do Campeonato Brasileiro, o XV de Piracicaba, o nanico, 24º na Série B. Os dois estão seriamente ameaçados pelo rebaixamento em 2003.
Mas o time do interior culpa o "primo rico" pela campanha vexatória no torneio.
"Eu acho que nós começamos o campeonato sem muita estrutura. No início, o Palmeiras mandou jogadores que não corresponderam", afirma Renato Bonfiglio, que deixou a presidência do clube piracicabano na semana passada.
O motivo alegado foi a falta de apoio dos empresários da cidade ao time. "Agora quero convocar eleições no clube, criar um conselho deliberativo e fiscal", afirmou o dirigente que, ao contrário do colega palmeirense Mustafá Contursi, diz ter o apoio dos torcedores para seguir no cargo.
Enquanto isso, o XV de Piracicaba será dirigido pelo ex-árbitro João Paulo Araújo, secretário de Esportes da cidade.
Em sua gestão, que começou em abril deste ano, Bonfiglio firmou a parceria com o clube do Parque Antarctica, que vai até o final do ano. Chegaram 11 jogadores do time B e dos juniores do Palmeiras. Cinco foram dispensados por deficiência técnica.
Seis são titulares, com destaque para o volante Célio, que já foi titular no time palmeirense.
Assim como o clube da capital, a versão "caipira" do Palmeiras também trocou de técnico três vezes neste Nacional.
Como Wanderley Luxemburgo, que saiu do Palmeiras para ganhar mais no Cruzeiro, Paulo Campos, que treinava o time B do Parque Antarctica, trocou o XV de Piracicaba pelo futebol árabe.
Outra coincidência entre os dois clubes é que há mais de uma década não realizam eleições presidenciais. Enquanto o Palmeiras é comandado com mão-de-ferro por Mustafá Contursi, o futebol do time de Piracicaba foi dirigido por empresas, como a de marketing esportivo Player.
A Player, aliás, é apontada por dirigentes do XV como a principal responsável pela dívida do clube, que chega a R$ 2 milhões.
A parceria com os palmeirenses, pelo menos, aliviou a folha de pagamento do time do interior, que é de R$ 35 mil mensais. O Palmeiras paga o salário de seus seis atletas. O vencimento do restante do grupo é pago com os R$ 15,5 mil que o XV recebe de patrocinadores (Unimed, RST e Semae).
"Mas tive que colocar cerca de R$ 20 mil por mês do meu bolso para cobrir os gastos do clube."
Apesar da situação agonizante, Bonfiglio diz ser contra a virada de mesa, assim como Contursi.
"Caiu, caiu. Mas eu acho ainda que podemos até enfrentar o Palmeiras no ano que vem."


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