São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Proibida de jogar em casa, seleção não encontra nova sede para atuar

Conflito no Oriente Médio tira Israel dos gramados

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não está sendo fácil. Com o aumento das tensões no Oriente Médio, a seleção de Israel não tem onde jogar. Por determinação da Uefa, a entidade que controla o futebol europeu e à qual os israelenses estão subordinados, foram proibidos, até segunda ordem, jogos internacionais no país.
Por razões de segurança, Israel não pode mandar jogos em casa. O problema é encontrar um local para atuar. Contra Chipre, pelas eliminatórias da Eurocopa-04, não foi possível, e a partida, cuja mandante era Israel, acabou sendo adiada para abril.
Na Inglaterra, Gavri Levi, que comanda a federação israelense, bem que tentou encontrar uma sede. Disse ter contatado três clubes britânicos e recebido três "nãos" como resposta. Na Itália, também não obteve sucesso.
"A idéia era fazer os jogos como mandantes um em cada lugar. Se não fecharmos com os países da Europa ocidental, vamos tentar jogar na Europa oriental", afirmou o dirigente, por intermédio da assessoria de imprensa da federação. De acordo com a entidade, países como Bulgária, Romênia e Ucrânia poderiam estar dispostos a abrigar jogos de Israel.
Segundo Levi, o Maccabi Haifa tem atuado em Chipre pela Copa dos Campeões, enquanto o Hapoel Tel Aviv e o Maccabi Tel Aviv têm jogado na Bulgária. "É uma pena, porque acabamos jogando em campo neutro quando deveríamos ser os mandantes. A situação política atrapalha a seleção."
E não só a de Israel. O futebol da Palestina enfrenta problemas parecidos. Reconhecidos pela Fifa desde junho de 1998, os palestinos não podem jogar em casa.
E, muitas vezes, nem podem treinar, já que parte da equipe fica em Gaza, parte na Cisjordânia. Quando o time se encontra é para treinar no Egito ou na Jordânia. E é lá que manda seus jogos.
"Futebol e política não deveriam se misturar, mas a realidade para os dois lados é bem diferente. Muitos de nossos jogadores entre 18 e 21 anos estão no exército, e os deles, também. Em vez de jogar bola, acabam aprendendo como manejar uma arma."
No ano passado, depois dos atentados de 11 de setembro nos EUA, os problemas para a seleção de Israel começaram. Nove jogadores austríacos, alegando falta de segurança e receio de ataques terroristas, recusaram-se a viajar para um jogo decisivo pelas eliminatórias da Copa-02 em Israel.
Em abril deste ano, como o clima não melhorava, a Uefa proibiu os jogos internacionais em Israel, em Gaza e na Cisjordânia.
Segundo a Fifa, a entidade que organiza o futebol mundial, a decisão da Uefa foi correta. Em dezembro, a questão será rediscutida, mas, se a situação política entre israelenses e palestinos estiver na mesma, ambos continuarão sem poder abrigar jogos internacionais em casa.


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