São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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Com Palmeiras em baixa, presidente vê risco no voto

Conselho decide hoje se Della Monica irá esticar mandato por mais um ano

Atual mandatário fez da performance da equipe no Brasileiro seu principal cabo eleitoral para diminuir a rejeição de oposicionistas

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O atual presidente do Palmeiras, Affonso della Monica, busca prorrogar sua permanência no poder justamente no momento em que o time, seu grande "cabo eleitoral", perde terreno na luta pelo Brasileiro.
Desde 2005 no cargo, Della Monica tenta aprovar hoje, em reunião do Conselho Deliberativo do clube, a extensão do mandato por mais um ano.
Ele precisa do apoio de 145 conselheiros (metade mais um) para ver aprovada a resolução. Se passar pelo conselho, ela ainda deverá ser ratificada na Assembléia Geral de sócios.
Caso consiga alterar o estatuto do clube -que prevê, atualmente, mandato de dois anos com direito a uma reeleição-, Della Monica ficaria na cadeira até novembro de 2009.
O novo presidente tomaria posse em dezembro, cerca de cinco dias após a última rodada do Brasileiro (no dia 6).
Se a alteração estatutária for rejeitada, as eleições vão ocorrer normalmente em janeiro.
A boa campanha da equipe no Nacional era tida, até então, como o grande trunfo de Della Monica para diminuir a rejeição entre alguns conselheiros.
Na avaliação do presidente, uma eventual conquista de título calaria os críticos de seu projeto, que seria aceito por todas as correntes do clube.
O sucesso no Paulista, no primeiro semestre, havia dado certa tranqüilidade à diretoria, mas a perda da Copa do Brasil trouxe novamente à tona a discussão sobre os gastos do dirigente com o futebol.
A oposição bate na tecla de que foram essas despesas que mais endividaram o clube. De acordo com o balancete de agosto, o déficit palmeirense está na casa dos R$ 56 milhões.
Na época em que o time de Vanderlei Luxemburgo liderava o Brasileiro, o futebol virou palanque para o presidente.
Primeiro, ele disse que montaria um "esquadrão" para o ano que vem. Depois, declarou à Folha que o próprio Luxemburgo pedira sua permanência no cargo por mais tempo.
Como se não bastasse a queda de rendimento da equipe no Brasileiro -não vence há três jogos, saiu do G4 e já não depende mais somente de si para ficar com a taça-, outro fato minou a confiança da situação na reunião de hoje.
A oposição obteve liminar garantindo o voto secreto no encontro do conselho. Com isso, espera que membros contrários à extensão do mandato presidencial, mas que eram politicamente obrigados a apoiá-lo, votem contra Della Monica e ajudem a vetar a proposta.
Mesmo dentro de seu círculo político, o presidente palmeirense teve dificuldades para articular o apoio de seu grupo nos bastidores. Por conta de divergências em pontos específicos do acordo, ele quase provocou um racha na situação.
O temor de que não consiga sair vitorioso na eleição do conselho fez o mandatário ligar até para seus vices, certificando-se de que teria os votos deles no pleito de hoje.
Além disso, Della Monica está preocupado com o caso de suposto esquema de emissão de notas frias no Palmeiras ocorrido em 2006, durante o segundo ano de sua gestão, conforme revelou a Folha.
Por meio de seus assessores, o presidente palmeirense afirmou desconhecer a investigação do Ministério Público.


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