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Com Palmeiras em baixa, presidente vê risco no voto
Conselho decide hoje se Della Monica irá esticar mandato por mais um ano
Atual mandatário fez
da performance da equipe no Brasileiro seu principal cabo eleitoral para diminuir a rejeição de oposicionistas
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O atual presidente do Palmeiras, Affonso della Monica,
busca prorrogar sua permanência no poder justamente no
momento em que o time, seu
grande "cabo eleitoral", perde
terreno na luta pelo Brasileiro.
Desde 2005 no cargo, Della
Monica tenta aprovar hoje, em
reunião do Conselho Deliberativo do clube, a extensão do
mandato por mais um ano.
Ele precisa do apoio de 145
conselheiros (metade mais um)
para ver aprovada a resolução.
Se passar pelo conselho, ela
ainda deverá ser ratificada na
Assembléia Geral de sócios.
Caso consiga alterar o estatuto do clube -que prevê, atualmente, mandato de dois anos
com direito a uma reeleição-,
Della Monica ficaria na cadeira
até novembro de 2009.
O novo presidente tomaria
posse em dezembro, cerca de
cinco dias após a última rodada
do Brasileiro (no dia 6).
Se a alteração estatutária for
rejeitada, as eleições vão ocorrer normalmente em janeiro.
A boa campanha da equipe
no Nacional era tida, até então,
como o grande trunfo de Della
Monica para diminuir a rejeição entre alguns conselheiros.
Na avaliação do presidente,
uma eventual conquista de título calaria os críticos de seu
projeto, que seria aceito por todas as correntes do clube.
O sucesso no Paulista, no primeiro semestre, havia dado
certa tranqüilidade à diretoria,
mas a perda da Copa do Brasil
trouxe novamente à tona a discussão sobre os gastos do dirigente com o futebol.
A oposição bate na tecla de
que foram essas despesas que
mais endividaram o clube. De
acordo com o balancete de
agosto, o déficit palmeirense
está na casa dos R$ 56 milhões.
Na época em que o time de
Vanderlei Luxemburgo liderava o Brasileiro, o futebol virou
palanque para o presidente.
Primeiro, ele disse que montaria um "esquadrão" para o
ano que vem. Depois, declarou
à Folha que o próprio Luxemburgo pedira sua permanência
no cargo por mais tempo.
Como se não bastasse a queda de rendimento da equipe no
Brasileiro -não vence há três
jogos, saiu do G4 e já não depende mais somente de si para
ficar com a taça-, outro fato
minou a confiança da situação
na reunião de hoje.
A oposição obteve liminar
garantindo o voto secreto no
encontro do conselho. Com isso, espera que membros contrários à extensão do mandato
presidencial, mas que eram politicamente obrigados a apoiá-lo, votem contra Della Monica
e ajudem a vetar a proposta.
Mesmo dentro de seu círculo
político, o presidente palmeirense teve dificuldades para articular o apoio de seu grupo nos
bastidores. Por conta de divergências em pontos específicos
do acordo, ele quase provocou
um racha na situação.
O temor de que não consiga
sair vitorioso na eleição do
conselho fez o mandatário ligar
até para seus vices, certificando-se de que teria os votos deles no pleito de hoje.
Além disso, Della Monica está preocupado com o caso de
suposto esquema de emissão
de notas frias no Palmeiras
ocorrido em 2006, durante o
segundo ano de sua gestão,
conforme revelou a Folha.
Por meio de seus assessores,
o presidente palmeirense afirmou desconhecer a investigação do Ministério Público.
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