São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009

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VÔLEI

Mudanças à vista


Duas novas regras serão testadas em novembro. Uma tenta dificultar o ataque, e outra, valorizar o líbero

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

PODE SE preparar: em novembro serão testadas novas regras no vôlei. Na Copa dos Campeões, as seleções vão ter 14 jogadores, entre os quais dois líberos. A maior novidade será no Mundial de Clubes, a partir do dia 3, no Qatar. O primeiro ataque só poderá ser feito atrás da linha dos três metros.
O Florianópolis, que garantiu vaga no Mundial ao conquistar o título sul-americano, está treinando as novas regras. E não está sendo fácil.
O técnico Marcos Pacheco explica que a maior dificuldade é quebrar a automatização dos atletas, que estão acostumados a atacar da rede.
Vamos aos detalhes da regra: o terceiro toque do time, que estiver recebendo o saque, tem que ser do fundo da quadra. Se forem só dois toques, o segundo pode ser um ataque da rede. Com isso, o levantador ganha um papel mais ofensivo.
O Florianópolis já está treinando bastante as bolas de segunda com o levantador Bruno. Os centrais ficam com uma função menos ofensiva, já que não vão atacar a bola rápida na rede. Essa situação só vale no momento da recepção. Nas jogadas seguintes, o jogo segue normal.
O técnico Marcos Pacheco diz que essas alterações mudam muito o jogo. Um exemplo é o sistema de passe. O central, que estiver na rede, por exemplo, vai ter que ajudar na recepção dos saques curtos. O central também vai ter que ser mais eclético, atacar do fundo da quadra.
A ideia dessa regra é dificultar o ataque, que anda muito potente, e dar mais volume de jogo. Mas, ao mesmo tempo, ela ameaça o líbero, que só entra para ajudar na recepção e na defesa. Fica a dúvida: com essa novidade é melhor ter um líbero e dois atacantes no fundo da quadra ou três atacantes?
Uma questão para se pensar e testar durante o Mundial. O certo é que, com um central, que ataca do fundo, e sem líbero, o time fica com mais opções para aquela situação em que só pode atacar detrás da linha dos três metros. Aí vai precisar contabilizar os prejuízos na recepção.
Já na Copa do Mundo, que reunirá as seleções campeãs continentais no Japão, será testada a regra que valoriza o líbero. Cada equipe poderá ter dois jogadores dessa posição. E você sabe, quando o poder de defesa aumenta, a consequência é um jogo mais demorado.
Até o início dos anos 90, os jogos eram longos, alguns quase maratonas. Clássicos, como Pirelli e Bradesco, chegavam a quatro horas de duração. A federação internacional então aboliu a vantagem e todo erro passou a ser ponto. Os jogos passaram a ter menos de duas horas.
Hoje, com líbero e regras que beneficiam a defesa, muitas partidas já beiram três horas. Ou seja, o objetivo de uma regra se contradiz com o de outra. Difícil entender a lógica. Pode anotar: logo, logo vão querer diminuir a pontuação dos sets.

cidasan@uol.com.br


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