São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2011

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Brasil vira inspiração para seleção

FUTEBOL Morte de pai de jogadora motiva time feminino na final do Pan

MARCEL MERGUIZO
ENVIADO ESPECIAL A GUADALAJARA

Favorita na busca pelo tricampeonato pan-americano hoje, às 20h (de Brasília), contra o Canadá, a seleção feminina tem uma motivação extra para conquistar o ouro.
A morte de Brasil Gonçalves, 72, pai da lateral direita Maurine, no domingo passado, tocou as jogadoras.
Na semifinal, anteontem, partida em que as atletas jogaram com uma pequena faixa preta de luto na camisa, o gol da vitória por 1 a 0 sobre o México foi de Maurine.
Choro no vestiário, choro na concentração. E o ouro prometido para o pai.
"Antes de vir para o Pan, visitei meu pai no hospital e ele pediu para eu levar o ouro para ele", disse a lateral, que ficou no México e teve o apoio da família no Brasil.
O Comitê Olímpico Brasileiro ofereceu apoio psicológico e passagem para Maurine voltar ao país. Ela não quis. "Não imaginávamos que ela fosse ficar", declarou o técnico Kleiton Lima.
Segundo o treinador, não daria tempo para a jogadora chegar ao velório. "Não foi fácil, mas minhas companheiras sempre me ergueram. Depois do início do jogo, deixei toda a tristeza para fora e disse que ia dedicar essa vitória ao meu pai", disse a lateral.
Companheira de quarto de Maurine, a atacante Thaís revelou que a colega havia prometido marcar um gol ainda na Vila Pan-Americana.
"O primeiro dia foi um baque. Todo mundo chorou, pegou um pouco a dor dela. Antes da semifinal, a Maurine falou que queria fazer um gol para o pai", declarou Thaís.
"A gente brincou com ela, tentou fazê-la esquecer um pouco. Mas todo mundo chorou de emoção no vestiário", completou a jogadora.
Brasil estava com uma infecção pulmonar e sofreu uma parada respiratória na noite de domingo.
"Não é por acaso que o pai dela se chama Brasil. Ele representa o pai de cada uma", declarou o treinador, que, como algumas jogadoras -inclusive Maurine-, referiu-se a Deus em várias oportunidades durante a entrevista.
Kleiton Lima afirmou que usou a morte do pai da jogadora na preleção da equipe.
Sem oito titulares da última Copa do Mundo, na Alemanha, em junho e julho -e, principalmente, sem as estrelas Marta e Cristiane-, o técnico declarou que a união por Maurine foi fundamental.
"Já chorei, me emocionei, não consegui aguentar. Levaremos o ouro para ele", afirmou Maurine, ainda abatida.



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