São Paulo, domingo, 27 de novembro de 2005

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FUTEBOL

Em rodada tumultuada, Grêmio e Santa Cruz vencem e garantem retorno para a elite do futebol brasileiro em 2006

"Milagre" gaúcho e confusão encerram a B

DA REPORTAGEM LOCAL

A Série B definiu ontem Grêmio e Santa Cruz como campeão e vice, respectivamente, num clima de muita confusão em Recife.
A dramaticidade da classificação, no entanto, ficou toda centrada no time gaúcho, que bateu o Náutico por 1 a 0 com apenas sete jogadores em campo e terminou como campeão da Segundona.
No jogo teve de tudo: agressão a juiz, invasão de torcedor, policiamento no gramado, paralisação por quase meia hora e expulsões no atacado -foram quatro no Grêmio e uma no Náutico.
A classificação teve um sabor épico para os gaúchos. "Quando eu contar para os meus netos o que aconteceu, eles vão dizer: vovô, o senhor é um mentiroso", disse o gremista Marcelo Costa.
O Náutico, que perdeu dois pênaltis quando o jogo estava 0 a 0, acabou sofrendo o gol de Anderson em jogada pela esquerda, quando o rival tinha só sete atletas em campo. A vitória aconteceu após a paralisação por quase meia hora por causa da confusão.
Em Porto Alegre, milhares de torcedores do Grêmio foram às ruas comemorar o retorno à divisão principal do Nacional.
Já o Santa Cruz também teve sua cota de sofrimento, mas em dose bem menor. Depois de sair atrás do marcador, a equipe pernambucana virou o jogo ainda no segundo tempo (2 a 1) e no final só administrou a vantagem.
A cidade de Recife produziu dois climas bem distintos. Apesar de ter apresentado um público superior a 60 mil pessoas, o ambiente no Arruda foi tranqüilo. Tomado pela torcida do Santa Cruz, a PM não teve trabalho para garantir a segurança dos torcedores da Portuguesa dentro do estádio.
Já nos Aflitos, o clima foi de guerra. O vestiário do Grêmio foi pintado e o time gaúcho foi impedido de fazer o aquecimento no gramado. Essa guerra de nervos acabou atrasando a partida em cinco minutos. Fora do estádio, uma barreira impediu que o ônibus gremista entrasse no estádio, e os atletas tiveram que suportar a pressão da torcida do Náutico.
Quando o jogo entre pernambucanos e gaúchos começou, a partida já tinha cinco minutos. Necessitando da vitória, a Portuguesa teve postura ofensiva e, de pênalti, aos 19min, fez 1 a 0 com Cléber. O gol colocou a Portuguesa em segundo lugar, com oito pontos, e garantia a vaga de acesso para a equipe do Canindé.
Apesar do 0 a 0, Náutico e Grêmio também apresentavam ritmo forte. E simultaneamente, as duas torcidas de Recife pularam para vibrar pelo seu time.
No estádio do Arruda, Reinaldo empatou o jogo contra ao Portuguesa, aos 38min. Bem próximo dali, os alvi-rubros festejavam o pênalti que Paulo Mattos sofreu. No entanto, a festa do Náutico não foi completa. Bruno Carvalho acertou a bola na trave e perdeu a chance de deixar o Náutico provisoriamente classificado.
O final do primeiro tempo reservou ainda mais emoções. O Santa Cruz não precisou de mais do que dois minutos para desempatar, novamente com Reinaldo, e selar a sua vaga na elite.
No movimentado jogo, sobrou até para o juiz Héber Roberto Lopes. Ele levou uma trombada do atacante Leandro Amaral, da Portuguesa, e teve de ser atendido após desabar no gramado.
Na volta do intervalo, o ambiente esquentou nos Aflitos quando Escalona, do Grêmio, foi expulso.
O juiz Djalma Beltrami assinalou nova penalidade contra os gaúchos, dessa vez num toque de mão de Nunes, e a confusão tomou conta do gramado. Os gremistas partiram para cima do juiz para não deixar bater o pênalti e mais três atletas foram expulsos.
O árbitro foi agredido várias vezes e o policiamento entrou em campo, aumentando o caos.
Após quase meia hora de paralisação, a partida foi retomada, mas na cobrança de pênalti Ademar chutou no meio do gol e Galatto fez a defesa.
Na saída, Anderson, que entrara pouco antes da confusão, cavou a expulsão do zagueiro Batata. Na cobrança de falta, em bela jogada, fez o gol da vitória. E saiu como um dos heróis do jogo.

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