São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 2006

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Goiás alivia "chocolate" do Palmeiras

Goleado em casa pelo Inter, time de Jair Picerni revolta torcida, mas se livra do rebaixamento com a queda da Ponte

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"O conjunto deles nos envolveu em todo o jogo. Foi um chocolate, vamos dizer assim. É um dos melhores times do país e tem tudo para ganhar mais um grande título neste ano."
O técnico Jair Picerni definiu assim a atuação do rival Internacional, que ganhou a Libertadores e se prepara para o Mundial de Clubes, num jogo em que a catástrofe se anunciou com apenas 35 minutos.
Não bastou mais do que isso para que o torcedor palmeirense tirasse a conclusão por si só e gritasse "timinho", sem precisar ouvir ou ler a opinião de quaisquer comentaristas.
Ali, o placar mostrava 3 a 0 para o Inter. O Palmeiras precisava vencer para ficar na Série A, mas teve que contar mesmo com a competência do Goiás, que rebaixou a Ponte Preta.
O primeiro tempo palmeirense, tem razão a torcida, foi ridículo. Aos 2min, Alexandre Pato já tinha deixado nas redes palmeirenses. Fernandão ampliou aos 5min, num sinal de que o Inter não se impressionou com o intenso foguetório que espocou antes do jogo.
Com 2 a 0 contra si, Jair Picerni fez a segunda alteração, tirando Márcio Careca para a entrada de Michael, tradicionalmente mais ofensivo pela esquerda. Antes, o treinador já tivera que sacar o goleiro Diego Cavalieri, por contusão no tornozelo, escalando Sérgio.
Mas aos 34min, numa jogada do novato Alexandre Pato, o zagueiro palmeirense Daniel marcou contra as próprias redes. Ali, o Parque Antarctica rachou de vez. Não seria preciso contar o quarto gol, marcado por Iarley, aos 45min do primeiro tempo, nem as expulsões de Juninho e do colorado Elder Granja no segundo tempo, por troca de agressões.
"Queria pedir desculpas ao grupo pelo que fiz", disse Juninho, cuja renovação ainda não está acertada. "Nada justifica o que aconteceu, mas não é por um jogo que essas coisas deixam de ser definidas."
Cenas bizarras no primeiro tempo não faltaram. Num lanca de ataque do Palmeiras, o zagueiro Daniel, que estava na área, cabeceou na direção oposta ao gol de Clemer.
Paulo Baier pisava na bola. Valdivia e Marcinho perdiam gols da marca do pênalti. O torcedor e a bola eram castigados pelo Palmeiras, enquanto o Inter, que jogava um amistoso -já está classificado à Libertadores por ter conquistado o título deste ano-, deitava e rolava. Tudo isso, é bom repetir, foi no primeiro tempo.
O segundo tempo ganhou contornos de amistoso. Mais tranqüila com a vitória do Goiás sobre a Ponte, que garantia o Palmeiras na Série A de 2007, a torcida parecia não ligar mais para o que acontecia. E vibrou com o gol contra de Fabiano Eller, desviando cruzamento de Wendel.
Nem assim Jair Picerni fez muita questão de agradar à torcida, que, nas faltas na entrada da área colorada, pedia para ver o goleiro Sérgio nas cobranças.
Por duas vezes, ao ouvir os gritos da torcida, o arqueiro -que treina faltas informalmente e deve se despedir do Palestra em 2007- olhou para o treinador, que não autorizou.
Na próxima rodada, contra o Fluminense, o Palmeiras não correrá risco de rebaixamento. Tampouco contará com os suspensos Juninho e Paulo Baier, suspenso por terceiro amarelo.
"Graças a Deus o Goiás nos ajudou. Agora vamos tentar deixar uma boa impressão na próxima rodada", disse Sérgio, um dos poucos a sair sem grandes culpas na partida de ontem.


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