São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 2001

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FUTEBOL AMERICANO
Defesas são ponto forte de NY Giants e Baltimore Ravens

"Retranca" é a atração do 1º Super Bowl do milênio

DA REDAÇÃO

New York Giants e Baltimore Ravens, que duelam hoje no primeiro Super Bowl do século 21, vão a campo com a perspectiva de entrar para a história estabelecendo um novo recorde.
Só que um recorde negativo.
Pelas campanhas que apresentaram na temporada, Giants (Gigantes) e Ravens (Corvos) têm predicados suficientes para, no evento que historicamente tem a maior audiência anual da TV norte-americana, desagradar a todos os espectadores, registrando o menor número de pontos em uma decisão da NFL, liga profissional de futebol americano.
A defesa é o carro-chefe de ambos os times e, por isso, não seria exagero qualificar o jogo de hoje como "o Super Bowl da retranca".
Até hoje, o Super Bowl com o menor número de pontos (21) foi em 1973: Miami Dolphins 14 x 7 Washington Redskins. Um ano antes, o mesmo Miami registrou a menor marca de um único time no Super Bowl: fez só 3 pontos.
Neste ano, o time de Baltimore, campeão da Conferência Americana e estreante em Super Bowls (a cidade já foi campeã uma vez, com outra franquia, os Colts, em 1971), é o menos vazado do campeonato. Além disso, é o que menos permite ao rival o "running game" (ataques pelo chão, em jogadas sem lançamentos), o preferido do oponente de hoje. Também teve eleito o melhor defensor do campeonato -Ray Lewis.
O time nova-iorquino, invicto em Super Bowls (venceu em suas duas aparições), é o quinto no ranking dos que menos sofrem pontos e o segundo no ranking dos mais bem-sucedidos contra o "running game", logo atrás do Baltimore. Porém o fato recente que mais deu crédito ao setor defensivo dos Giants foi a atuação na final da Conferência Nacional, quando não permitiu ao temido ataque do Minnesota Vikings a marcação de um único ponto.
Questionado se só um touchdown de um dos ataques poderia ser suficiente para a vitória, o defensor dos Giants Michael Strahan foi incisivo: "Até mesmo um "field goal" (chute que vale três pontos) pode valer o título".
Com os dois finalistas tendo como ponto mais forte a anulação do "running game", as maiores chances do ataque prometem ficar concentradas na outra possibilidade de avanço: o "passing game" (jogadas com lançamentos).
E essa alternativa provoca um novo chamariz para a partida: os dois quarterbacks, responsáveis pelo "passing game", foram até hoje desprezados pela NFL.
De grandes promessas, tanto Kerry Collins (New York) quanto Trent Dilfer (Baltimore) transformaram-se em estorvos.
O primeiro liderou o Carolina Panthers à final da Conferência Nacional em 1996. Depois disso, sua carreira sucumbiu devido à dependência do álcool. Deixou o time acusado de racismo pelos colegas. Foi marginalizado e só deu a volta por cima neste ano. Retomou a boa fase e, na partida que valia a passagem ao Super Bowl, lançou cinco touchdows.
O segundo passou seis anos de sua carreira, até o fim da temporada passada, no Tampa Bay Buccaneers. Teve o mérito de pela primeira vez fazer o time alcançar a fase de mata-matas. Mas seus altos e baixos -muito mais baixos- detonaram a ira da torcida e da direção do time. Transferiu-se para o Baltimore e teve de contentar-se com a reserva até a metade do campeonato, quando substituiu o inconstante Tony Banks. Suas atuações foram só medianas, mas, amparado na ótima defesa, foi vencendo.
Curiosamente, Dilfer tem a oportunidade de alcançar a maior glória dentro do esporte diante da torcida que o desprezou, a de Tampa, mesma cidade em que os Giants, há exatos dez anos, conquistaram seu último Super Bowl.
Esse é o panorama do "Super Bowl da retranca", para o qual cada torcedor que irá ao Raymond James Stadium já pagou, com quase um ano de antecedência, a apimentada quantia de US$ 325 (cerca de R$ 640). No Brasil, na decisão do último Brasileiro (Copa João Havelange), o evento esportivo de maior importância no país, cada entrada custou entre R$ 10 e R$ 20. (LUÍS CURRO)



NA TV - ESPN International, ao vivo, às 21h




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