São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

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Veterano, Rivaldo se torna marqueteiro

SÃO PAULO
Discreto em sua carreira, atleta incorpora garoto-propaganda ao fechar com time do Morumbi


RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

Rivaldo sempre esteve afastado dos holofotes comuns a astros do futebol mundial. Introspectivo, o meia-atacante passou a carreira evitando um contato mais próximo com a mídia e a venda de sua imagem.
Mas, aos 38 anos e aliando a vida de atleta com a de presidente do Mogi Mirim, o reforço do São Paulo parece ter decidido mudar de estilo e aderir ao marketing.
E é justamente nesta transformação que a equipe do Morumbi aposta para arrecadar dinheiro com seu novo camisa 10, que será apresentado na manhã de hoje.
Além de mostrar Rivaldo, a apresentação também deve servir para que o São Paulo anuncie as primeiras ações de imagem envolvendo o jogador -a loja oficial do clube na internet já vende o uniforme com o nome do meia desde o início da semana.
"O Rivaldo sempre foi contra a autopromoção. O marketing dele é a sinceridade. O difícil é trabalhar a imagem de um cabeça de bagre, não de um cara que foi o melhor do mundo", afirmou o diretor de marketing são-paulino, Adalberto Baptista.
O reforço mais badalado do clube em 2011 ganhou a Bola de Ouro e o prêmio da Fifa de craque do futebol mundial em 1999, quando defendia o Barcelona. Depois, disse que acreditava que teria vencido mais algumas eleições caso tivesse trabalhado melhor sua imagem.
"A maior propaganda de um atleta é a performance. Só que ele abriu mão do resto. Quando trabalhamos no Palmeiras, ele queria distância de tudo para se dedicar apenas ao futebol", disse José Carlos Brunoro, especialista em marketing esportivo e gerente da parceria Palmeiras/Parmalat nos anos 1990.
A mudança de comportamento de Rivaldo coincidiu com o cargo de presidente do Mogi, que ele assumiu em 2008, quando defendia o Bunyodkor, do Uzbequistão.
O jogador-dirigente virou usuário do Twitter, estreitando a relação com fãs e torcedores, e tomou decisões polêmicas, algo raro enquanto estava só dentro de campo.
Ao abandonar o clube uzbeque para jogar no Mogi, mostrou que aderiu de vez à nova postura. Pôs sua imagem no carnê de ingressos para o Paulista e divulgou fotos em que aparecia duplicado -de terno e gravata, Rivaldo cumprimentava outro Rivaldo, vestido de jogador.
"A necessidade é a mãe da criatividade. Ele tem a oportunidade de aparecer na mídia, e sabe que o Mogi precisa dessa exposição", disse José Cocco, um dos pioneiros do marketing esportivo no país.
Mas, para Fábio Wolff, da Wolff Sports & Marketing, Rivaldo ainda pagará o preço da entrada tardia no mundo da exploração da imagem.
"Ninguém sai do oito para o 80, mas ele não é mais o mesmo. Ele evoluiu, mas nunca vai ser um Ronaldo, que é natural quando fala", ressaltou Wolff.
Ontem, o contrato de Rivaldo com o São Paulo apareceu no BID da CBF, dando condições legais de jogo para o meia. Ele foi emprestado pelo Mogi Mirim até o fim do ano com possibilidade de renovação por mais um ano.


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