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morde e assopra
Tribunal é "mãe" para técnicos
Todos os treinadores julgados no futebol profissional de São Paulo em 2007 acabaram absolvidos
Auditores ignoram súmulas feitas pelos juízes e deixam sem punição figurões e até quem foi acusado de jogar pedras na própria torcida
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No futebol paulista, os árbitros mordem os treinadores
para depois o tribunal assoprar.
Segundo as atas do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) do
Estado, oito técnicos das duas
principais divisões paulistas foram julgados em 2007 -isso
em apenas cinco sessões.
Todos, mesmo com pesadas
citações nas súmulas ou até claras imagens da televisão, foram
absolvidos pelos auditores.
Os últimos a saírem ilesos do
TJD foram o palmeirense Caio
Jr. e o corintiano Emerson
Leão, que, assim, poderão estar
no banco no clássico entre os
arqui-rivais no domingo.
O primeiro invadiu o gramado durante jogo contra o Bragantino para protestar. Na época, Caio Jr. reconheceu que se
excedeu e se disse preparado
para ser punido. Leão, apesar
do currículo recheado de atos
de indisciplina, ficou sem punição pela expulsão no confronto
diante do Paulista de Jundiaí.
Para justificar a absolvição
dos dois, assim como ocorre na
maioria dos casos envolvendo
treinadores, os auditores apontaram a fragilidade das súmulas
elaboradas pelos árbitros.
No caso de Caio Jr., o tribunal ignorou a súmula do juiz
Rodrigo Ferreira do Amaral,
que foi sucinto. Escreveu o árbitro que o palmeirense foi expulso "por adentrar em campo
com a bola em jogo, para reclamar de uma suposta falta".
Treinadores com acusações
muito mais pesadas também ficaram sem punição alguma.
Segundo o juiz Fabiano Pereira, que apitou o duelo entre
Taquaritinga e Bandeirante,
pela Série A-2, o técnico Márcio
José Ribeiro, da equipe de Birigüi, cometeu um ato grave. Ele
teria jogado pedras na torcida
da sua própria equipe. O tribunal, no entanto, o absolveu.
Os treinadores dos clubes
paulistas ficam livres de suspensões mesmo quase sempre
citados em um artigo do Código
Brasileiro de Justiça Desportiva com pena dura: 30 a 180 dias.
O artigo 188 prevê punição em
caso de ofensa contra autoridades, entre elas os árbitros e os
auxiliares. Se a afronta for feita
pela mídia, a pena pode dobrar.
O pouco rigor do tribunal
com os treinadores acontece no
mesmo momento em que os árbitros e seus chefes reclamam
do excesso de indisciplina.
Marcos Marinho, o chefe da
arbitragem paulista, já disse
que as constantes reclamações
dos treinadores podem ser perigosas por inflarem também as
queixas dos torcedores.
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