São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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FUTEBOL

Onde os fracos não têm vez


Martin Taylor, um amável gigante, não tem violência no currículo, está de bem com Eduardo e vê terrível punição


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O COITADO pode ter sua carreira de jogador comprometida agora. Um lance no começo do jogo, ainda distante da área, quando muitos ainda estavam frios em campo. Pena para ele, conhecido por muitos como ""amável gigante".
Neste século, ele não tinha sido expulso. Isso aconteceu uma vez em 1999, quando ele defendia o Blackburn, esse sim um time casca grossa. Nesta temporada, nem cartão amarelo tinha recebido. Não havia histórico de conflito entre o injustiçado e Eduardo da Silva. Não havia motivo para agressão. Prova do coração bom dele foi a visita ao hospital, o pedido de desculpas. Tudo aceito por Eduardo, que o inocentou: ""Eu perdôo Martin. Sei que ele não fez de propósito. Essas coisas acontecem no futebol. Vejo como um risco de um jogador". Porém Martin Taylor já recebeu ameaças de morte.
A Associação de Jogadores Profissionais na Inglaterra está até mais preocupada com Martin do que com Eduardo. ""Há um reconhecimento de que ele não é um jogador violento, não tem reputação de jogar sujo.
Escrevi para o Martin e creio que ele terá força de caráter suficiente para superar tudo", afirmou Gordon Taylor, diretor-executivo da entidade. Eduardo da Silva recebeu no hospital várias formas de apoio, atenção. Ficará bom. Já Martin, segundo Alex McLeish, o técnico do Birmingham, está ""mentalmente destroçado". Arsène Wenger, no calor do jogo, pediu o banimento de Martin do futebol. Que exagero! Ainda bem que, parece, o treinador do Arsenal já revê esse conceito (pré) sobre a entrada em seu atleta. Não foi bem carrinho, não feriu regras. Ele recebeu, de início, a punição-padrão na Inglaterra, de três jogos (os craques Cristiano Ronaldo e Rooney a receberam não faz tanto tempo). Há colunista inglês discutindo se não é uma punição branda demais. Talvez fosse melhor uma suspensão por seis partidas ou por até um mês.
Um dos argumentos para essa possível punição maior lá é que Martin pode sofrer muito em estádios no próximo mês. Deve ficar marcado pelo resto da vida pelo lance. Essa já não será punição terrível demais?

A FORÇA DE PALERMO
Um jogador que ousa bater um pênalti decisivo já dá uma prova de força. Um que erra o pênalti e tenta a segunda vez no mesmo jogo, dá prova dobrada de força. O que dizer de um que erra dois pênaltis e ainda pega a bola para bater o terceiro na partida? Motivo de piada? Ok, mas isso não é para qualquer um. Nas contas do Boca Juniors, Palermo vai virar nos próximos dias o maior artilheiro do clube em jogos oficiais. Varallo, o remanescente da final da Copa de 1930 que ainda respira, questiona as contas (o ainda recordista teria um gol a mais), mas verá, com 98 anos, a consagração de vez de Palermo como rosto eterno em bandeiras xeneizes.

rbueno@folhasp.com.br


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