São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indenização pode fechar olimpismo paraguaio

Comitê diz que vai quebrar se pena de US$ 250 mil for confirmada na Justiça

Reparação pedida por lançador de dardo cortado de Sydney-2000 preocupa atletas que sonham em defender o país em Pequim


LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Do melhor resultado da história ao fiasco de nem sequer participar da Olimpíada. Essa pode ser a sina do esporte paraguaio no atual ciclo olímpico.
Depois da primeira e única medalha da história olímpica do país, a prata no futebol masculino em Atenas-2004, o Paraguai está ameaçado de não levar delegação a Pequim. Por falta de dinheiro.
O comitê olímpico do país vizinho está ameaçado de falência. Se for confirmada uma indenização de US$ 250 mil (cerca de R$ 418 mil) ao ex-lançador de dardo Edgar Baumann, a entidade quebra.
"Não temos orçamento para arcar com tal gasto. O processo aguarda o julgamento do último recurso, que pode sair a qualquer momento. Se não conseguirmos [reverter a sentença], teremos que pagar. Mas não temos como [fazer isso], então vamos quebrar", contou à Folha Ramón Zubizarreta, presidente do COP (Comitê Olímpico Paraguaio).
A esperança do dirigente é que a decisão final seja anunciada apenas depois do mês de agosto, quando acontece a disputa na China. Se vier antes, e for negativa para o comitê, ele não tem dúvida: "É certo que o Paraguai não vai a Pequim. Não somos como um time de futebol, que pode vender um jogador para fazer caixa".
Zubizarreta declarou que, se o desfecho for favorável para o COP (com a decisão final depois de agosto ou com a reversão da sentença inicial), a delegação paraguaia deve ter entre 12 e 15 atletas na China.
"Os atletas com chance de competir na China estão muito apreensivos com esta situação", completou o dirigente máximo do esporte olímpico paraguaio, que contou à reportagem sua versão do caso que pode forçar o COP a fechar.
Às vésperas do embarque da delegação para Sydney, Baumann desmaiou em um treino e foi levado para o hospital. Enquanto ele esteve internado, a delegação viajou para a Austrália com outro lançador de dardo em sua vaga.
Nos exames por que passou no hospital, Baumann teve detectado metabólitos de cocaína em seu organismo.
Como não foi reintegrado à delegação, ele ingressou na Justiça comum contra o COP, alegando danos morais.
"A causa foi patrocinada por um grande grupo de advogados, um dos mais poderosos no Paraguai, que conseguiu a decisão favorável a ele, apesar de todas as provas que apresentamos", falou Zubizarreta, enfatizando que, em nenhum momento, Baumann buscou a Justiça Desportiva para ser reintegrado à delegação.
Nem mesmo quando ficou evidente no país o que acarretaria a manutenção do processo judicial ao COP e, conseqüentemente, aos atletas de elite do país, o ex-lançador de dardo ficou sensibilizado para tentar um acordo.
Segundo o dirigente, além de afetar diretamente todo o esporte olímpico paraguaio -que só passou a contar com financiamento público no ano passado-, se for confirmada a condenação do COP, há a criação de um precedente perigoso, que pode até contaminar o futebol profissional.
"Nas eliminatórias da Copa, o técnico convoca 40, 50 jogadores. Mas só leva 23 ao Mundial. Os que não forem vão alegar que sofreram dano moral?", indaga Zubizarreta.


Texto Anterior: F-1 encerra pré-temporada e vê Ferrari e McLaren ainda à frente
Próximo Texto: Futebol: Onde os fracos não têm vez
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.