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Indenização pode fechar olimpismo paraguaio
Comitê diz que vai quebrar se pena de US$ 250 mil for confirmada na Justiça
Reparação pedida por lançador de dardo cortado de Sydney-2000 preocupa atletas que sonham em defender o país em Pequim
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Do melhor resultado da história ao fiasco de nem sequer
participar da Olimpíada. Essa
pode ser a sina do esporte paraguaio no atual ciclo olímpico.
Depois da primeira e única
medalha da história olímpica
do país, a prata no futebol masculino em Atenas-2004, o Paraguai está ameaçado de não levar delegação a Pequim. Por
falta de dinheiro.
O comitê olímpico do país vizinho está ameaçado de falência. Se for confirmada uma indenização de US$ 250 mil (cerca de R$ 418 mil) ao ex-lançador de dardo Edgar Baumann, a
entidade quebra.
"Não temos orçamento para
arcar com tal gasto. O processo
aguarda o julgamento do último recurso, que pode sair a
qualquer momento. Se não
conseguirmos [reverter a sentença], teremos que pagar. Mas
não temos como [fazer isso],
então vamos quebrar", contou
à Folha Ramón Zubizarreta,
presidente do COP (Comitê
Olímpico Paraguaio).
A esperança do dirigente é
que a decisão final seja anunciada apenas depois do mês de
agosto, quando acontece a disputa na China. Se vier antes, e
for negativa para o comitê, ele
não tem dúvida: "É certo que o
Paraguai não vai a Pequim. Não
somos como um time de futebol, que pode vender um jogador para fazer caixa".
Zubizarreta declarou que, se
o desfecho for favorável para o
COP (com a decisão final depois de agosto ou com a reversão da sentença inicial), a delegação paraguaia deve ter entre
12 e 15 atletas na China.
"Os atletas com chance de
competir na China estão muito
apreensivos com esta situação", completou o dirigente
máximo do esporte olímpico
paraguaio, que contou à reportagem sua versão do caso que
pode forçar o COP a fechar.
Às vésperas do embarque da
delegação para Sydney, Baumann desmaiou em um treino
e foi levado para o hospital. Enquanto ele esteve internado, a
delegação viajou para a Austrália com outro lançador de dardo em sua vaga.
Nos exames por que passou
no hospital, Baumann teve detectado metabólitos de cocaína
em seu organismo.
Como não foi reintegrado à
delegação, ele ingressou na
Justiça comum contra o COP,
alegando danos morais.
"A causa foi patrocinada por
um grande grupo de advogados, um dos mais poderosos no
Paraguai, que conseguiu a decisão favorável a ele, apesar de
todas as provas que apresentamos", falou Zubizarreta, enfatizando que, em nenhum momento, Baumann buscou a
Justiça Desportiva para ser
reintegrado à delegação.
Nem mesmo quando ficou
evidente no país o que acarretaria a manutenção do processo judicial ao COP e, conseqüentemente, aos atletas de
elite do país, o ex-lançador de
dardo ficou sensibilizado para
tentar um acordo.
Segundo o dirigente, além de
afetar diretamente todo o esporte olímpico paraguaio -que
só passou a contar com financiamento público no ano passado-, se for confirmada a
condenação do COP, há a criação de um precedente perigoso, que pode até contaminar o
futebol profissional.
"Nas eliminatórias da Copa,
o técnico convoca 40, 50 jogadores. Mas só leva 23 ao Mundial. Os que não forem vão alegar que sofreram dano moral?", indaga Zubizarreta.
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