Ato de indisciplina de Ronaldo deixa evidente despreparo da diretoria para conviver com o atleta

Delegação trata presença do Fenômeno no interior como caso extraordinário e não é capaz de evitar tumultos e afastar tentações do elenco

DO ENVIADO A PRESIDENTE PRUDENTE

O episódio do atraso de Ronaldo na volta da folga foi o mais emblemático e chamativo, até agora, de todos aqueles ocorridos na estada do time em Presidente Prudente (a 565 km de São Paulo) que deixaram evidente o despreparo do Corinthians em lidar com o astro.
Em muitos momentos, o clube tratou a presença do atacante na delegação como um caso extraordinário, o que provocou tumultos desnecessários e informações desencontradas.
A delegação não soube lidar com o magnetismo do jogador com os fãs. O atacante saiu e entrou no hotel onde o time está hospedado quase sempre protegido por seguranças.
E, a despeito de todo o aparato em torno da delegação, o Corinthians também falhou. Não foi capaz de afastar do elenco garotas de programa.
A Folha atestou a existência de pelo menos uma hospéde do hotel em que está a delegação do Corinthians que teve contato direto com os atletas.
Com a torcida, também houve dificuldades. Ronaldo, que causa frisson a cada vez que passa perto dos fãs no saguão, só parou para dar autógrafos e tirar fotos com os torcedores a partir de ontem -coincidentemente, depois de seu atraso no retorno da folga.
Antes, passava direto, sem parar no lobby. Caso mais emblemático foi sua ida ao jogo da última quarta-feira, quando uma operação toda especial foi montada para levá-lo separadamente ao estádio Eduardo José Harah, o Prudentão.
O descobrimento do caso do atraso de Ronaldo na volta da folga causou desencontros de informações simples, como a confirmação ou não de uma entrevista coletiva do presidente do Corinthians, Andres Sanchez, para falar do assunto.
O perfil "boleiro" do presidente do clube também não ajuda na tarefa de administrar a presença do "Fenômeno."
Andres não se priva de sair para se divertir acompanhado de seu mais ilustre funcionário. O dirigente já levou o jogador até para ensaios da escola de samba da Gaviões da Fiel, a principal torcida organizada do Corinthians, com quem Andres tem bom relacionamento.
O episódio causou constrangimento ao jogador. Ele foi cobrado por um torcedor, que declarou que ele deveria treinar em vez de sair à noite.
Andres, no entanto, apenas repetiu o expediente a que está acostumado desde os tempos em que era diretor de futebol durante a parceria do Corinthians com a MSI. À época, o dirigente dava tratamento especial ao maior ídolo do clube, Tevez, e saía com atletas para "baladas". Seus colegas preferidos eram Fininho e Coelho.
Todos os percalços em Presidente Prudente deixaram dúvida sobre a validade de incluir Ronaldo em uma viagem na qual ele dificilmente iria jogar.
O caso pode fazer com que o atleta, caso não tenha condições de jogo, não vá para a segunda parte da turnê fora de casa, que envolve a partida em Itumbiara, pela Copa do Brasil, e o clássico com o Palmeiras, pelo Paulista. (PAULO GALDIERI)


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