São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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São Caetano tenta confirmar poder de bastidor

MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O São Caetano começa hoje a disputar sua quinta semifinal desde que surgiu para o mundo do futebol em 2000, na Copa João Havelange. Ao contrário dos outros anos, em que se admitia um time pequeno, hoje, contra o Santos, o clube do ABC busca consolidar uma posição entre os poderosos do futebol paulista.
Para tanto, nada melhor que o primeiro título do clube e a eliminação do que é considerado no ABC o principal empecilho para a conquista: o time do Santos, considerado pelo técnico Muricy Ramalho a "melhor equipe do país".
Embora o São Caetano já esteja em evidência desde 2000, foi no último ano que aconteceu a transição de elenco modesto para clube estelar. Conhecido por formar equipes que se baseiam no "bom e barato", neste ano o São Caetano mostrou força ao bater poderosos rivais como Corinthians e São Paulo na disputa por atletas e ao quadruplicar sua folha de pagamento em quatro anos, mesmo em tempos de crise.
Na JH, o time pagava cerca de R$ 230 mil para manter seu elenco. Hoje, segundo apurou a Folha, a equipe custa ao clube por volta de R$ 900 mil por mês, cifra equiparável à dos grandes. A folha de pagamento do Corinthians é de cerca de R$ 1,1 milhão.
"Hoje o São Caetano negocia como os grandes", diz o atacante Warley, que no ano passado, ao voltar da Itália, preferiu o time do ABC ao São Paulo por motivos financeiros. Embora fosse desejado pelo presidente são-paulino, o atacante teve a proposta de R$ 25 mil mensais do Morumbi duplicada pelo São Caetano. "Aqui se paga no mesmo nível das grandes equipes do Brasil", diz Warley.
E há vários outros exemplos da mudança de postura. No fim de 2003, o Corinthians chegou a oferecer R$ 80 mil a Gilberto, então lateral-esquerdo do Grêmio, mas ele preferiu ir para São Caetano.
O mesmo aconteceu com Anderson Lima e Fabrício Carvalho, que, mesmo cogitados em outros endereços paulistas mais famosos, acabaram no ABC. O time ainda lutou por Ramon (Fluminense), Luizão (Botafogo) e Marcelinho (Vasco) e montou até um "banco de luxo", com nomes como Euller e Lúcio Flávio.
"Acho que para ser grande você não precisa de um estádio grande, de uma torcida grande", diz Anderson Lima. "Essas coisas são importantes, mas, em certos clubes grandes, os dirigentes não são profissionais. O São Caetano faz investimento e tem organização."
E não poderia ser diferente, já que 2004 é ano de eleições municipais. O time, que conta com o apoio da Prefeitura de São Caetano do Sul, é uma das bandeiras eleitorais da administração de Luiz Tortorello (PTB), também é presidente de honra do clube. Nairo Ferreira de Souza, presidente do São Caetano, é secretário de planejamento do município e um dos possíveis candidatos à sucessão de Tortorello. Para a diretoria do time, o primeiro título do clube está amadurecendo.


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