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Invenções fazem atleta ler e responder e-mail
DA REPORTAGEM LOCAL
Não foi só para se orientar nas
pistas de atletismo que Marla
Runyan tramou invenções.
Coisas simples do cotidiano, como ler uma revista ou responder a
um e-mail, também exigiram esforços, criatividade e, principalmente, amparo da tecnologia.
Os recursos que usou para atender à reportagem da Folha, por
exemplo, são emblemáticos.
Runyan solicitou que as perguntas fossem enviadas por e-mail. Para lê-las na tela de seu micro, ela utilizou um dispositivo
que amplia em até 16 vezes o tamanho da cada palavra.
Outro programa eletrônico auxiliou no momento de digitar as
respostas. Ao batucar cada letra, o
computador emitiu o som da sílaba escolhida. Assim, ela pôde evitar erros por não conseguir enxergar com perfeição o teclado.
"Sempre busquei formas de não
irritar outras pessoas para fazer
minhas atividades. Sou considerada legalmente cega há 20 anos,
mas nunca dependi de ninguém",
explica a atleta, casada com Matt
Lonergan desde agosto de 2002.
Fanática por esporte desde a infância, ela praticou ginástica e futebol antes de optar pelas pistas.
"Jogava bem em todas as posições e tinha muito fôlego, mas
chegou uma época em que eu não
conseguia mais enxergar a bola.
Aí precisei parar", conta ela.
Em casa, não desliga da carreira
nem nos momentos de lazer. Um
de seus passatempos favoritos é
buscar resultados de atletismo em
revistas. Para entender os tempos,
Runyan usa outra inovação.
Uma pequena câmera registra o
que está na página e reproduz em
um monitor de 19 polegadas. A
imagem, porém, tem tamanho
quase 20 vezes superior ao texto
original que estava na publicação.
"Para ler, eu também preciso de
óculos, desses comuns. É que,
além do mal de Stargardt, também tenho miopia", conta.
A atleta cursou ciências em uma
turma especial para deficientes visuais na Universidade de San Diego. Fora do esporte, porém, sua
única incursão profissional aconteceu no campo da literatura.
Em 2001, ela concluiu uma autobiografia, projeto que tocava há
pelo menos cinco anos. "No Finish Line: My Life As I See It"
("Sem linha de chegada: Minha
vida, como eu a vejo", na tradução literal do inglês) foi escrita em
parceria com um jornalista.
A obra traz minúcias sobre momentos marcantes em sua vida,
como a seletiva olímpica dos EUA
antes da Olimpíada de Sydney.
Na época, Runyan havia sofrido
uma contusão no joelho e mesmo
assim decidiu correr. Chegou em
terceiro e conseguiu a última vaga
na seleção nos 1.500 m.
Em 2004, contudo, um agravante pode atrapalhar seus planos de
brilhar na Olimpíada. Sua visão
está pior do que há quatro anos.
O exame que realizou em 2000
indicou uma capacidade de visão
de 20/300 em cada olho -o número padrão é 20/20.
Nesta temporada, o mesmo teste apontou 20/400 (quanto maior
o segundo número menor é a
qualidade da visão).
(GR)
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