São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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Americanos escalam 60 psicólogos contra clima hostil nos Jogos e já reduzem a expectativa de medalhas

EUA temem "efeito Bin Laden" em Atenas

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob os gritos de ""Osama, Osama", os norte-americanos perderam o controle e foram goleados pelo México, em Guadalajara. Resultado: a seleção masculina de futebol dos EUA não conseguiu vaga para os Jogos Olímpicos, que começam em 13 de agosto.
Mais do que isso, a reação da torcida mexicana, desestabilizando os rivais com a ""homenagem" a Osama bin Laden, fez o Usoc, o comitê olímpico norte-americano, reduzir as expectativas em relação ao desempenho do país nos Jogos de Atenas e reconhecer que dificilmente a meta de cem medalhas será alcançada.
Se no México já houve provocação, na Europa, onde o sentimento anti-americano se intensificou após a Guerra do Iraque, o ambiente deve ser ainda mais hostil. E a supremacia dos EUA na Olimpíada começa a ficar ameaçada.
""Por mais que tentemos fazer os atletas se sentirem em casa, o clima certamente não será favorável. Com isso, é claro que as chances de repetirmos ou superarmos o desempenho de Sydney [97 medalhas, sendo 44 de ouro] ficam cada vez menores", afirma Jim Scherr, diretor do Usoc.
Preocupado com o anti-americanismo que pode tomar conta das arquibancadas e dos adversários dos EUA, Scherr diz que o trabalho psicológico para os atletas será de suma importância. Por isso, o Usoc deve levar à Grécia um grupo de 60 psicólogos para cerca de 560 competidores -no ano passado, anunciara que viajaria com 20 psicólogos.
""Não se trata só de a torcida ser contra, mas existe também a ameaça terrorista e os norte-americanos, depois do 11 de Setembro, são o principal alvo. Nossos atletas precisam de apoio psicológico e certamente terão toda a assistência possível", diz Scherr.
Mesmo com ""toda a assistência", o fato é que a projeção do quadro de medalhas mudou.
A expectativa, de acordo com o próprio Usoc, não é mais de que os EUA conquistem cem medalhas, das quais 37 seriam de ouro, como previsto em agosto de 2003. Agora a estimativa mudou para 85 medalhas, sendo 34 de ouro.
Nesse caso, ainda segundo prognóstico do comitê americano, os russos devem subir mais vezes ao pódio -86 no total-, mas perderiam no quadro de medalhas. A expectativa do Usoc é que eles conquistem 31 ouros, três a menos que os norte-americanos. Já a China ficaria com 81 medalhas -28 de ouro.
Em Sydney-00, os EUA ganharam 97 medalhas (39 de ouro), a Rússia, 88 (32), e a China, 59 (28). Em Atlanta-96, os norte-americanos também ficaram em primeiro, com 101 medalhas, 44 de ouro. A Rússia ficara em segundo, a China, em quarto. O terceiro lugar foi para a Alemanha.
Mas agora, apesar de o Usoc ter apresentado projeção mais pessimista do desempenho dos EUA em Atenas, nem todos concordam com a avaliação do comitê.
Joann Dahlkoetter, psicóloga especializada em esporte e que deve acompanhar a equipe de triatlo dos EUA na Olimpíada, é uma das que discordam.
""Muitos atletas estão sendo trabalhados para que se concentrem apenas nas provas, esquecendo a atmosfera hostil. Se conseguirem, podem ter sucesso", comenta.
""Já para outros a torcida contrária pode ser positiva. Tem competidor que se sente ainda mais motivado para vencer quando está em ambiente hostil. Ele compete com gana, com raiva mesmo."


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