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FUTEBOL
Ousadia e contenção
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Numa entrevista nesta semana ao Paulo César Vasconcellos, da ESPN Brasil, Parreira enfatizou novamente que o
melhor e o mais equilibrado esquema tático é o tradicional 4-4-2
utilizado pela maioria das equipes da Europa. São quatro defensores, dois volantes, um armador
fixo de cada lado, formando duas
linhas de quatro, e dois atacantes.
Foi o esquema utilizado pelo técnico na conquista da Copa de 94.
Apesar dessa preferência, a seleção atual joga diferente, com três
no meio-campo e três na frente. O
tão coerente Parreira estaria sendo incoerente? Penso que não. Ele
quer aproveitar o enorme talento
dos dois Ronaldinhos e do Kaká.
Os três e mais o Alex não têm características para atuarem de armadores pelos lados. Além disso,
o Brasil com os três "erres" na
frente ganhou a Copa de 2002.
Para esses três atacantes não ficarem isolados, distantes dos três
do meio-campo, como tem acontecido, o armador da direita e o
da esquerda precisam marcar como um volante e avançar como
um meia. Por isso, Parreira substituiu o Emerson.
Nos primeiros amistosos da seleção sob o seu comando, Parreira
utilizou o tradicional 4-4-2. Ronaldinho Gaúcho jogou pela
meia direita, defendendo e atacando. Como o time não foi bem e
o Ronaldinho ficou longe da área,
onde cria muitas situações de gol,
o técnico mudou e o time passou a
jogar com três no meio e três no
ataque.
Se a seleção não for bem contra
o Paraguai e contra a Argentina,
provavelmente Parreira vai voltar ao esquema anterior, que tanto gosta. Aí, Ronaldinho Gaúcho
ou Kaká terá de se adaptar e jogar de meia-direita e o outro será
um segundo atacante, próximo
do Ronaldo. Os dois podem trocar
de posição durante a partida.
Como escrevi na semana passada, gostaria de ver a equipe
atuando numa mistura dos dois
esquemas citados, com dois volantes, três meias ofensivos (Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Robinho) e o Ronaldo. Zé Roberto seria também uma boa opção pela
esquerda, no lugar do Robinho.
Ele joga no Bayern nessa posição.
Na seleção atual, Zé Roberto fica
muito atrás, onde não pode driblar nem conduzir a bola, as suas
principais virtudes.
Parreira vai encontrar a melhor
solução. Seu estilo mais conservador e pragmático é bom e ruim.
Vai depender do momento. Na
seleção brasileira, com tantas dúvidas, ser prudente é uma vantagem. Ele só não pode ser teimoso.
O técnico precisa ter uma mistura
de ousadia e contenção.
Originalidade
Felipe teria pedido ao Abel Braga para jogar mais no meio-campo e menos no ataque, onde é
marcado com muitas faltas e, às
vezes, com violência.
O fato me lembra o Pelé. Com o
tempo, ele passou a sofrer uma
dura marcação individual.
No passado, ao contrário do
que muitos dizem, os grandes
atacantes eram muito marcados.
Só os medianos ficavam livres, como hoje.
Então, Pelé inventou uma maneira de fugir dessa marcação. Ele
ameaçava receber a bola na frente, o zagueiro ia atrás, e ele voltava, pegava a bola e partia com ela
dominada. Ou fazia o contrário.
Fingia recuar, o zagueiro dava
um passo para a frente, e ele recebia a bola nas costas do defensor.
O seu companheiro tinha de ficar
atento para entendê-lo.
A partir daí, os grandes atacantes de todo o mundo passaram a
imitá-lo. Na vida, em todas as
áreas, os supertalentos criam e a
maioria repete. Nada mais difícil
do que ser original.
Felipe não é um Pelé, mas tem
de procurar outros caminhos para sair da marcação e continuar
brilhando.
Clássico paulista
Não será surpresa também se o
Santos for eliminado pelo São
Caetano. O Santos corre muitos
riscos contra equipes que marcam
bem e têm ótimos contra-ataques.
Mas Leão está corrigindo essa deficiência, colocando o Claiton no
seu campo para proteger os dois
zagueiros, quando o time vai para o ataque.
Felipe e Maicon na seleção
Robinho, que brilha há quase
dois anos, e não o Felipe, que está
atuando muito bem somente neste ano, deveria ser o convocado
para o lugar do Alex. O melhor lateral-direito que atua no Brasil é
o Cicinho, e não o Maicon, já que
Maurinho não tem jogado. Como
o lateral do Cruzeiro está em forma e já integrou várias seleções
de base, foi o preferido.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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