São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Camisa 9 é único elo entre artilheiros

Criança, Keirrison não jogava pelada porque já pensava no profissional; Washington enfrentou reviravoltas na carreira

São-paulino diz que "nunca é tarde" e não tem prazo para parar; já palmeirense traça planos para chegar a grande europeu e à seleção

GIULLIANA BIANCONI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um artilheiro que não sentia o gostinho das peladas quando criança porque se preparava para ser profissional. Um goleador que enfrentou tantas reviravoltas em sua carreira que já se vê como tema de livro.
São esses os perfis dos dois homens que comandam os ataques de Palmeiras e São Paulo, no clássico no Morumbi. De um lado, o palmeirense Keirrison, 12 gols no Paulista, foi preparado para ser artilheiro desde cedo. De outro, o são-paulino Washington, 10 gols, traçou caminhos difíceis antes de chegar ao centro do futebol brasileiro.
"Eu penso que nunca é tarde. Ainda não penso no dia em que vou parar, não tenho um prazo para isso", contou Washington. "Mas sei que poderia ter jogado em grandes centros do Brasil antes, porque tive convites para ir para o exterior antes. Foi uma escolha minha sair do país, foi bom para a família."
Aos 33 anos, ele já pensa em escrever um livro sobre a sua vida. Disse sentir orgulho de sua larga experiência profissional, iniciada em 1991, no Caxias, do Rio Grande do Sul.
A vida de Keirrison, 20, não daria nem um cartilha no momento. Mas daria para se escrever um manual sobre como virar jogador, com a determinação e a disciplina do atleta.
"Treinava fundamento, com meu pai e na escolinha, desde o cinco anos. Não jogava pelada. Só jogo em escolinha. Para mim, o futebol sempre foi sério. Só vim a jogar pelada mais velho", contou o jogador.
Saído do Cene (MS), Keirrison já valia R$ 500 mil aos 16 anos, quando se transferiu para o Coritiba pelas mãos dos empresários Marcos e Naor Malaquias. Na sua carreira planejada, o Palmeiras foi o passo seguinte à projeção nacional. Os próximos degraus são um grande clube europeu e a seleção.
Já foi até feito contato entre seus agentes e o Barcelona, embora sua transferência só esteja planejada para o próximo ano.
No Palmeiras, também se aprimora e faz reforço muscular, sem exagero. Por isso, escolheu jogar no time do "ofensivo" Vanderlei Luxemburgo.
"Sou um cara que ouve muito o técnico e os outros jogadores. Quero discutir os aspectos da minha profissão", explicou Keirrison. O atacante se define como um perfeccionista.
Washington esteve longe da perfeição. Quase foi à Copa-02, quando teve convocações na seleção de Luis Felipe Scolari, mas não emplacou no Mundial. Depois, soube do problema no coração. Quase parou, mas persistiu. Até hoje um médico o acompanha. Foi para o exterior, onde ganhou dinheiro no Japão e na Turquia, antes de vir para o Fluminense, em 2008.
"Sei que o dia de parar está mais perto para mim do que para quem tem 20 anos, mas isso não me atrapalha. Vou jogando, fazendo meu pé de meia."


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