São Paulo, domingo, 28 de março de 2010

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Palmeiras patina de novo, e Belluzzo cogita renunciar

Em casa, equipe apenas empata com Mirassol e pode hoje ser eliminada da luta por vaga nas semifinais do Paulista

Palmeiras 1
Mirassol 1

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise palmeirense traduziu-se em protesto, pressão, azar, apatia, desespero, covardia, reconhecimento de fracasso e ameaça de renúncia.
Aconteceu na tarde de ontem, dentro e fora de campo, no empate diante do Mirassol, outro tropeço no Parque Antarctica que praticamente elimina o time alviverde do Paulista.
"A minha administração, sob o ponto de vista do futebol, não estão sendo boa. Tive fracassos na vida. Para mim, pode acontecer", admitiu o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo a emissoras de rádio.
Assim, o dirigente cogitou deixar o cargo antes do fim do mandato, em janeiro de 2011. "Se algumas coisas não dão certo, acho que não iria prejudicar a instituição [com a saída]. Sei da minha capacidade, mas você pensa em sair. Mas, se tenho meus motivos pessoais, sei que tenho que continuar. Não posso me afastar das pessoas."
Esse foi o desfecho de mais um dia de tragédia palmeirense. O início foi a confirmação pela diretoria de que Belluzzo recebeu cartas com balas de revólver, supostas ameaças, com assinaturas da organizada são-paulina Independente.
O presidente não vê o fato como ameaça, mas apenas como pressão política relacionadas ao Palmeiras, segundo o gerente de futebol Gennaro Marino.
Belluzzo informou que o caso foi registrado na polícia.
O clima pesado manteve-se na porta principal do estádio. Faixas de protestos da torcida organizada Mancha Alviverde, que não entrou no estádio, davam o tom: "Fora [Gilberto] Cipullo", "Beluzzo, pipoca" e "Jogadores pipoqueiros".
A diretoria alega que o grupo tem interesse político em criticar a diretoria. Mas torcedores de fora das facções também boicotaram a partida. Menos de 4.000 foram ao jogo.
"De fato, em quatro ou cinco anos de Palmeiras, nunca vi o Parque Antarctica tão vazio", lamentou o volante Pierre.
O Palmeiras entrou em campo com desfalques, entre eles Diego Souza e Danilo. Era um time de jovens da divisão de base. A exceção era Cleiton Xavier. E foi ele quem sofreu pênalti do zagueiro Thiago. Aos 6min, Robert cobrou e fez o gol.
Mas, no meio do primeiro tempo, Cleiton Xavier sentiu dor na coxa esquerda. Foi substituído pelo volante Anselmo, na primeira troca defensiva do técnico Antonio Carlos.
O time ficou perdido. E assim continuou no segundo tempo, o que permitiu a pressão, sem organização, do Mirassol.
Começou o desespero palmeirense. Ao lado do campo, Antônio Carlos gritava com os atletas após erros: "É tão fácil".
Com receio, o técnico trocou o atacante Vinícius pelo zagueiro Maurício Ramos. Logo após, aos 26min, uma jogada do Mirassol deixou Pablo Escobar livre na área para empatar.
Foi a vez de a torcida se desesperar, com gritos de burro para Antônio Carlos, que ainda tirou o único atacante de área do time, Robert. Aí, faltou força para o Palmeiras reagir.
O time mantém-se em décimo no Paulista, a quatro pontos da zona de classificação. Resultados de hoje podem eliminar de vez o Palmeiras, que volta a jogar ante o Paysandu, em casa, na quarta, pela Copa do Brasil.


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