São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 2011

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gol

De falta, Rogério faz seu 100º tento do jeito que queria para se consagrar no futebol

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Antes mesmo de a bola entrar, Rogério celebra seu gol histórico em Barueri

LUCAS REIS
RODRIGO BUENO

DE SÃO PAULO

O milésimo gol de Pelé, dizem, tinha que ser de pênalti, para que todos pudessem parar e olhar com atenção para o lance. O centésimo gol de Rogério, ele disse, tinha que ser de falta. E todos pararam para olhar a história.
A bola saiu do pé direito do goleiro para o ângulo. Algo único na vida de alguns poucos arqueiros, mas uma coisa que virou até corriqueira para o número 01 são-paulino.
Quando ele entrou em campo ontem na Arena Barueri, foi ovacionado como de costume. No aquecimento, deixou escapar uma bola, saudou a torcida que o esperava com faixas pelo centésimo tento. Era ontem. Antes de ter a chance de cobrar a falta, fez uma defesa difícil.
Quando Fernandinho sofreu falta na entrada da área, o estádio se levantou, grande parte dele certo de que a marca impensável até alguns anos atrás seria alcançada.
O Corinthians pôs todos seus atletas na defesa. Uma barreira numerosa, um goleiro jovem e talentoso do outro lado, um tabu de 4 anos e 11 jogos nas costas, outro de nunca ter feito gol de falta no tradicional adversário.
Foi tudo muito rápido, o chute, o voo de Júlio César e a bola estufando a rede.
Uma loucura raramente vista em um gol tomou conta da arena que não é a casa são-paulina. O centésimo gol não veio no Morumbi, mas ninguém poderia imaginar cenário melhor para o feito.
Rogério correu como louco, muito mais que nas outras 99 vezes, acompanhado por titulares e reservas.
O Corinthians, pronto para a saída de campo, assistiu durante quase cinco minutos a uma bateria enorme de fogos, uma pilha de jogadores tricolores e a corrida de fotógrafos e câmeras para cima do goleiro que mais fez gols na história do futebol.
O placar eletrônico, pouco antes da falta épica, parecia já se preparar. Tirou o parcial 1 a 0 do São Paulo e engatilhou um vídeo no qual apareciam mensagens para o arqueiro recordista. Uma contagem regressiva do 1 ao 100 foi iniciada e cantada pela maioria do público.
Rogério não pegou a bola como Pelé no fundo do gol. O campo não foi invadido por uma multidão, mas a cena teve algo daquele feito e algo do memorável gol de Ronaldo contra o Palmeiras, o que derrubou o alambrado.
Desta vez, o Corinthians foi quem sofreu um tento que era maior que a partida, maior que a disputa na tabela do Paulista, era a história.
Higuita, Jorge Campos, Chilavert... Goleiros que tanto ficaram marcados por ousadia e por suas personalidades folclóricas foram deixados bem para trás por um arqueiro sério, que se empenhou desde 1997 a fazer gols, a razão maior do futebol.
A IFFHS, fria como a matemática, contabiliza "só" 98 gols pois dois foram em amistosos. Mas foram inquestionavelmente 100, 56 deles de falta, muitos deles decisivos. O maior de todos, ontem.


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