|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BOXE
Quanto maior, melhor?
EDUARDO OHATA
Muita gente tem a idéia de que,
por não haver um limite de peso
na categoria dos pesos-pesados,
quanto maior o tamanho do pugilista, maior a sua vantagem,
pois seus socos seriam desferidos
com mais força e contundência.
Nesse caso, a luta de amanhã,
entre o britânico campeão mundial Lennox Lewis (1,96 m e 112,1
kg) e o desafiante americano Michael Grant (2,01 m e 113,5 kg),
dois verdadeiros gigantes, contaria com os ingredientes necessários para se tornar um clássico.
Como curiosidade, vale mencionar que em fotos promocionais, Lewis e Grant posaram junto a maquetes de edifícios, o que
ressaltou suas estaturas.
Aliás, segundo levantamentos,
Grant seria o mais alto desafiante
ao título. Lewis, por sua vez, seria
o quarto mais alto campeão dos
pesos-pesados, sendo superado
somente por Jess Willard, Ernie
Terrell e Primo Carnera.
Para provar que a tese do
""quanto maior, melhor" não se
aplica a todos os casos, entretanto, Willard, Terrell e Carnera foram, curiosamente, alguns dos
piores campeões da história.
Carnera pesou 118 kg ao tomar
o título de Jack Sharkey. Perdeu o
cinturão mundial para Max
Baer, que tinha somente 94,8 kg.
No total, acumulou 14 derrotas
durante a carreira e terminou os
seus dias como astro de luta livre,
a popular ""marmelada".
Willard (111,2 kg) foi surrado
impiedosamente pelo feroz Jack
Dempsey (84,8 kg), até a luta ser
interrompida no terceiro assalto,
após Willard ter sofrido diversas
fraturas e perdido dentes.
Se estivesse em atividade hoje,
Dempsey competiria entre os cruzadores, pois estaria enquadrado
no limite da categoria. Mas, na
prática, mostrou que poderia
competir contra ""gigantes".
Aliás, para provar que tamanho não é documento, alguns dos
melhores campeões dos pesados
eram ""baixinhos". Rocky Marciano, único campeão dos pesados a
se aposentar invicto, nunca lutou
com o peso acima dos cruzadores.
O demolidor Mike Tyson, cujo
combate com Lou Savarese foi
adiado para o dia 24 de maio, parecia um nanico se comparado
aos grandalhões da categoria.
Mas que estrago fazia, hein?
E existem até aqueles que defendem a teoria de que os pesados
teriam um peso ideal. Acima de
um determinado limite, eles seriam lentos e descoordenados.
No caso de Lewis e Grant, o que
está em questão é a determinação
dos lutadores. O inglês parece se
contentar em fazer somente o suficiente para vencer, não parece
preocupado em convencer. Lembram-se das lutas contra Oliver
McCall, Zeljko Mavrovic, Ray
Mercer e Evander Holyfield?
Grant demonstrou padecer do
mesmo mal em suas últimas
apresentações, contra Andrew
Golota (venceu por nocaute após
estar perdendo por pontos) e Lou
Savarese (venceu por pontos,
quando se esperava um nocaute).
O que mostra que nem sempre
habilidade, coragem ou pegada
são proporcionais ao tamanho.
NOTAS
Brasil 1
Mais um capítulo na ""novela" da escolha do próximo rival
de Acelino Freitas, o Popó: informações obtidas junto ao escritório de Lou DiBella, vice-presidente de esportes da
HBO, dão conta de que o brasileiro enfrenta Lemuel Nelson,
primeiro do ranking da Organização Mundial de Boxe, no
dia 10 de junho, em Detroit,
EUA. Seria a estréia de Popó na
emissora de TV a cabo.
Brasil 2
O campeão brasileiro dos pesados George Arias anexou o
cinturão latino-americano ao
superar o argentino Pedro
Franco, na última terça-feira. A
transmissão do SBT chegou a
irritar. Enquanto o apresentador do ""Programa do Ratinho"
discutia assuntos ligados à homossexualidade, as imagens
da luta eram reduzidas a um
quadrinho na tela. Nada contra
o assunto (já houve campeões
gays), mas o boxe não merece
ser tratado com tal descaso.
E-mail eohata@folhasp.com.br
Eduardo Ohata escreve às sextas-feiras
Texto Anterior: Pólo aquático; Seleção feminina está fora de Sydney Próximo Texto: + Esporte - Pense: "Fio de Esperança" vasculha a vida do técnico Telê Santana Índice
|