São Paulo, domingo, 28 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Jogando mais até do que os clubes brasileiros, equipes do continente estafam atletas, e número de contusões dispara

Calendário europeu desfalca Copa-2002

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Campeonatos inchados, muitos jogos e pouco tempo para treinos. O que antes era "exclusividade" sul-americana é agora realidade no organizado futebol europeu, o que conspira contra a Copa-2002.
A temporada da região, que acaba com a decisão da Copa dos Campeões, que neste ano será em Glasgow, só será encerrada no próximo dia 15, ou só 16 dias antes do jogo inaugural do Mundial.
Desde a década de 60, o intervalo só foi tão pequeno em 1990. Mas, naquela oportunidade, a Copa foi realizada na Itália, e não nos distantes Coréia do Sul e Japão.
Os Campeonatos Nacionais também estão acabando com menos tempo em relação ao chute inicial do Mundial. O Espanhol, por exemplo, termina 19 dias antes de França e Senegal abrirem a Copa. Na edição de 1998, esse intervalo foi de 25 dias.
O fim da temporada européia foi empurrado para tão próximo do certame de seleções pelo inchaço que apresenta hoje.
O Real Madrid, por exemplo, pode disputar 34 jogos apenas nos cinco meses iniciais de 2002.
No final da década de 80, um clube europeu de ponta fazia, em caso de sucesso em todas as competições possíveis, cerca de 45 partidas em toda uma temporada.
Além de mais clubes nos Nacionais, geralmente dois em relação ao que acontecia nos anos 70, a região inchou a Copa dos Campeões. Antes, o vencedor da competição disputava nove jogos. Agora, pode fazer até 23 confrontos pelo campeonato.
A comparação com os clubes brasileiros mostra o quanto mudou o calendário na Europa.
O Palmeiras, por exemplo, só disputou 19 partidas oficiais em 2002 até o momento.
A maratona de jogos dos milionários clubes europeus ocorre no mesmo momento em que uma onda de lesões atinge os atletas que, além de defenderem seus times, precisam constantemente viajar para atuarem por suas seleções. Exemplo disso aconteceu com o poderoso Manchester United. Quatro dos principais jogadores do clube inglês sofreram graves lesões neste ano.
O argentino Verón e o irlandês Roy Keane já estão recuperados, mas os locais Gary Neville e David Beckham, ambos com fraturas no pé, correm sério risco de ficarem fora do Mundial na Ásia.
Na Alemanha, o meia alemão Scholl abdicou de viajar para o Oriente por não se sentir em condições físicas ideais. Ele joga no Bayern de Munique, outro clube europeu que enfrenta uma verdadeira maratona em 2002.


Texto Anterior: Futebol - Tostão: Direitos dos torcedores
Próximo Texto: Jogadores do Brasil sofrem em seus clubes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.