São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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Continente desafia a Fifa, exige 2010 e quer deixar de ser mera surpresa em campo

A febre africana

Reuters
Asamoah, natural de Gna, jogador do Shalke 04 e da seleção alemã


ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

Na Copa da Ásia, quem pretende dar as cartas é a África.
Mais especificamente, a África negra, que leva ao Oriente seu primeiro postulante à presidência da Fifa, a candidatura favorita à sede do Mundial-2010 e quatro seleções que prometem, enfim, criar uma história de sucesso para o continente em Copas.
Quem tenta o poder é Issa Hayatou, um camaronês que prega a reforma no comando do futebol e leva o apoio da poderosa Uefa, entidade máxima do futebol europeu, mas enfrenta resistências dentro de sua própria região.
"Vou ter entre 90% e 95% dos votos da região", afirmou ontem, numa previsão sem dúvida otimista -pouco antes, o congresso da Confederação Africana de Futebol em Seul só fizera confirmar que o continente chega rachado às urnas hoje à noite, quando começa a escolha do futuro presidente da Fifa depois da análise das contas da gestão Joseph Blatter.
Quem vai atrás do título são Camarões, Nigéria, África do Sul e Senegal. Os quatro culminam um feito impressionante da parte da África abaixo do Saara: é a única grande região do mundo que só fez crescer sua participação durante os últimos quatro Mundiais.
"As pessoas sempre vão fazer suas previsões baseadas nas equipes mais fortes. Mas, desta vez, a África vai estar muito bem representada na Copa", afirma o meia Geremi, campeão olímpico com Camarões. Os times de base do continente levaram os dois últimos ouros e já rivalizam com Brasil e Argentina no domínio dos Mundiais sub-17 e sub-20.
Quem quer receber a Copa é a África do Sul. A de 2006 escapou por pouco, numa surpreendente derrota para a Alemanha.
Com os jogos que começam nesta semana na Coréia do Sul e no Japão, as pretensões asiáticas ficam temporariamente saciadas.
Sobra para os africanos o argumento de que são, agora, a bola da vez para receber o torneio.
"O fato de essa Copa ser na Ásia é ótimo para nós. Não tenho dúvidas de que em 2010 ela será na África", afirmou ontem à Folha Molefi Oliphant, presidente da Federação Sul-Africana.



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