São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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TOSTÃO

A grande dúvida do Felipão

Cada dia que passa e que a Copa se aproxima, Felipão tem mais vontade de escalar o Denílson desde o início da partida, mas não sabe como fazer isso. Teria de tirar o Rivaldo ou um de seus zagueiros.
Teoricamente, Rivaldo é um jogador imprescindível, mas não está em forma.
Com Denílson, o ataque ganha um jogador habilidoso e veloz pela ponta. Os dois Ronaldos e Rivaldo atuam muito pelo meio, driblando e tabelando. Com razão, Luiz Felipe Scolari prefere as jogadas pelos flancos.
O técnico estava certo de iniciar a partida de estréia na Copa do Mundo com o time com três zagueiros, mais defensivo, mas, hoje, já não tem tanta certeza disso.
Aí entraria o Denílson no lugar de um zagueiro. Nos últimos amistosos os gols saíram no segundo tempo com a presença do atacante do Betis.
Com os jogadores atuais, preferiria a equipe com dois zagueiros. Recuaria ainda o Rivaldo, para que se tornasse o terceiro jogador de meio-campo, já que não foi convocado nenhum meia-amardor. Dessa forma, para completar, escalaria o Denílson na ponta esquerda.

Teoria da complexidade
A seleção brasileira fez ontem os primeiros treinos em Ulsan. Logo na entrada do campo, havia uma faixa com os dizeres: "Brasil, o melhor time do mundo". Perdemos o primeiro lugar, mas não perdemos a fama.
Roberto Carlos afirmou que, se o Brasil jogar 40% do que sabe, ganha da Turquia. Não perdemos também a pose.
Como escrevi ontem, estava curioso para assistir aos treinos do Felipão. No primeiro dia, porém, não houve nenhuma novidade.
Todos os treinadores fazem a mesma coisa: as brincadeiras de "bobinho", o treino de dois toques, o de fundamentos técnicos e o de bolas cruzadas das laterais. Enfim, tudo sem adversário.
Os técnicos adoram treinos de dois toques, sem posição, e em campo pequeno. De todos os tipos. Existem até especialistas no assunto. Para mim, eles não adiantam e seriam descartáveis. É a teoria do quanto mais complexo melhor. Treina-se o que não vai acontecer em um jogo de Copa.
Com a sua irreverência, malandragem e sabedoria, Romário sempre treinou somente o que iria fazer em campo.
Na Espanha, fui entrevistá-lo no campo do Valencia. Os jogadores treinavam num campo pequeno, passando a bola com as mãos até jogar no gol. Romário estava de fora, com dores musculares. Ele me disse: "Não vou treinar porque futebol se joga com os pés".
Sei que os professores de educação física e os treinadores modernos vão me contestar e dar milhões de explicações científicas para estes treinos, mas nenhuma delas vai me convencer.
Treinar é simplesmente repetir, simular, tudo o que pode realmente acontecer numa partida de futebol.

tostao.folha@uol.com.br



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