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SEGURANÇA
Após prisões e conselhos a taxistas, mídia passa a olhar brasileiros como arruaceiros
Máfia brasileira causa prejuízo de US$ 3 milhões aos japoneses
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA
Quando se está no bairro paulistano da Liberdade, dominado pelos orientais, comenta-se muito
sobre a ação da máfia japonesa (a
Yakuza) e da chinesa, que estariam envolvidas em uma série de
roubos e assassinatos.
No Japão, nas últimas semanas,
também tem sido discutida a ação
de uma máfia: a brasileira.
É a ela que foram atribuídos
centenas de crimes praticados em
diversas províncias japonesas, entre elas Aichi, Gifu, Mie, Shigo,
Fukui, Kyoto e Nagano.
A polícia japonesa anunciou a
prisão de oito pessoas, que seriam
ligadas a uma quadrilha comandada por brasileiros e teriam cometido cerca de 600 assaltos, incluindo roubos a bancos.
De acordo com o jornal japonês
""Chunichi", a polícia suspeita
que, na verdade, o total de crimes
cometidos pela tal ""máfia brasileira" pode chegar a mil.
Pelo menos três dos líderes do
grupo, que teria em sua estrutura
12 comandantes, estariam detidos, depois que um deles foi capturado numa tentativa fracassada
de assalto feita em novembro do
ano passado.
A ação do grupo teria provocado prejuízos de US$ 3 milhões, dizem as autoridades japonesas,
que mantêm o nome dos suspeitos em sigilo.
Irritados com o que chamam de
distorção da imagem dos estrangeiros no Japão, líderes da comunidade brasileira têm contestado
afirmações na mídia que insinuam que ela poderia estar ligada
ao processo de piora dos índices
de criminalidade no país.
Envolvidos nos crimes ou não,
porém, os brasileiros começam a
ser colocados pela mídia japonesa
como possíveis arruaceiros durante o Mundial-2002.
Desde que se passou a falar em
uma possível ""máfia brasileira",
taxistas têm sido orientados a, pelo menos durante o período da
Copa, tomar cuidado com torcedores estrangeiros, principalmente se oriundos do Reino Unido, da
Argentina e do Brasil.
Em Tóquio, numa central em
que são concedidas licenças para
taxistas, eles têm recebido instruções sobre como evitar possíveis
problemas durante o Mundial,
que começa na sexta-feira.
Dicas
Entre as recomendações, está
justamente a de evitarem colocar
no carro grupos de torcedores
com camisa do Brasil, da Inglaterra e da Argentina.
Principalmente se se tratar de
uma taxista -e não um taxista.
Apesar de ainda serem muito
poucas no Japão -menos de 2%
dos táxis são conduzidos por mulheres-, elas têm sido instruídas
para evitar os torcedores desses
países, especialmente quando estão em grupo. Com os ingleses, o
risco seria sofrerem agressão física. Com os brasileiros, serem furtadas. Com os argentinos, sofrerem assédio sexual.
Shukan Taisho, responsável por
uma pesquisa com as taxistas no
Japão, disse que, nos últimos dias,
elas estão recebendo um spray paralisante e instalando um alarme
ao lado do banco do motorista.
Em caso de problema, podem
acioná-lo, alertando a central, que
teria como localizar o veículo.
Mesmo com spray e alarme, foram aconselhadas a evitar se dirigir para lugares ermos e menos
iluminados, onde poderiam ser
atacadas pelo passageiro.
No início do ano, quando receberam sugestões parecidas para o
período da Copa-2002, só eram
citados os torcedores ingleses e
argentinos, cujas seleções estão
no mesmo grupo. Os brasileiros
passaram a ser lembrados só a
partir das últimas semanas.
Atraídos por empregos em fábricas nos anos 80, muitos brasileiros estão agora desempregados
no Japão. Uma parcela deles caiu
na criminalidade.
A seleção brasileira, que jogará a
primeira fase na Coréia do Sul, irá
disputar as oitavas-de-final no Japão, em Kobe ou Miyagi, caso se
classifique no Grupo C.
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