São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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BOXE

2 por 1

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Popó largou com ligeira vantagem nas bolsas de apostas para seu combate com Diego "Chico" Corrales -o baiano é favorito na proporção de 2 por 1.
É o mais perigoso adversário da carreira do pugilista brasileiro, mais até do que o conceituado cubano Joel "Cepillo" Casamayor.
Afinal, apesar de ser tecnicamente competente, o cubano não é conhecido por sua pegada, ingrediente que, em minha opinião, até estrategicamente é imprescindível para derrotar o brasileiro.
Para mim, Corrales foi uma escolha bastante arriscada da parte da equipe do brasileiro. Primeiro, por conta da pegada do lutador norte-americano, que colocou para dormir 31 de suas 38 vítimas.
Não, não esqueci que Popó tem média superior de nocautes -31 em 35 lutas. Mas é inegável que Corrales também é exímio nocauteador, o que sempre leva perigo.
O contraponto é que o queixo de Corrales não é dos mais resistentes. Contra Casamayor, que não é conhecido exatamente pela potência dos golpes, "Chico" foi à lona três vezes (em duas lutas).
Contra Floyd Mayweather Jr., outro lutador extremamente técnico, mas reconhecidamente sem pegada, Corrales caiu nada mais que cinco vezes em dez assaltos.
Especialistas crêem que a vulnerabilidade de Corrales resulta do fato de o norte-americano acreditar tanto em sua pegada que relega a defesa a um segundo plano.
O segundo fator que torna "Chico" Corrales um rival formidável é a sua altura: 1,78 m. Para comparar, Popó mede 1,68 m.
A boa notícia para Popó é que, estranhamente, o norte-americano freqüentemente ignora suas vantagens em altura e envergadura e parte para a briga franca (ou pelo menos tenta). Contra Floyd Mayweather Jr., esse erro custou bastante caro -Corrales foi nocauteado em dez assaltos.
É esperar para ver se Joe Goosen, seu novo técnico, fará com que Corrales tire mais vantagem dessas características. Se o fizer, será interessante observar qual estratégia o brasileiro vai adotar.
(É curioso notar que será a segunda chance de Goosen contra o brasileiro. O treinador pilotou o córner de Casamayor na unificação dos cinturões superpenas da AMB e OMB, em 12 em janeiro de 2002, em Las Vegas, nos EUA.)
O fato de Popó ser campeão dos leves (até 61,2 kg) e Corrales estar subindo da categoria dos superpenas (até 58,9 kg) é irrelevante.
Aqui não há vantagem porque Corrales freqüentemente luta como leve, categoria na qual parece se sentir mais à vontade. As suas primeiras apresentações desde 2003, depois que abandonou a prisão, foram justamente como leve. Desde então fez como superpena só os dois últimos combates.
Pesando todos os fatores, também a meu ver o lutador baiano é o favorito para o combate do dia 7 de agosto. Porém por uma pequeníssima margem, com clara vantagem para quem chegar primeiro no adversário.
 
Com a decisão de Mayweather de subir para os meio-médios-ligeiros, Popó tornou-se agora o quarto melhor leve segundo o ranking da "The Ring".

Pesado
Será que agora vai (vem)? "Iron" Mike Tyson, que não apareceu no Brasil no Carnaval, recebeu outra proposta para vir em setembro.

Leve
Foi boa a performance do leve Juliano Ramos contra Moises Pedroza, na semana passada. A seleção do adversário é um exemplo de como construir a carreira de uma promessa. Pedroza é um veterano, ex-desafiante ao título, cujos melhores anos já se passaram. Ainda assim, é perigoso. Derrubou o atual campeão dos superpenas da FIB, Carlos Hernandez, em luta não-válida pelo título. É melhor do que só ficar pegando pangarés. E, se Ramos não passasse por Pedroza, qual seu futuro, afinal? Seu promotor, Arthur Pelullo, foi mais exigente: achou que Ramos desperdiçou várias chances para nocautear o rival.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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