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Leão se vê só e pede demissão
Após sondar que Santos não teria reforços e apupado por torcida, ele diz que sair foi melhor para todos
Treinador admite surpresa com extensão de problemas; Márcio Fernandes, do time sub-20, dirigirá a equipe no domingo, ante o São Paulo
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RICARDO VIEL
DA REPORTAGEM LOCAL
A turbulenta relação do técnico Emerson Leão com a torcida e com a diretoria do Santos
chegou ao fim. Alegando dificuldades para trabalhar na
equipe, o treinador pediu demissão ontem, que foi aceita de
pronto pela direção do clube.
Quem assume interinamente e deve dirigir o time no clássico de domingo, contra o São
Paulo, é Márcio Fernandes, do
sub-20. Cuca, técnico do Botafogo, é o preferido dos conselheiros, mas a diretoria não
descarta efetivar Fernandes.
Leão sai antes de assinar contrato com o clube. O documento nunca ficou pronto. Não haverá multa. Ele receberá atrasados e um mês de aviso prévio.
Em público, os dois lados evitam ataques. Nos bastidores,
entretanto, cartolas avaliam
que o técnico poderia tirar mais
do time e que tinha relacionamento difícil com o elenco.
A Folha apurou que, há cerca
de duas semanas, o treinador
consultou um conselheiro com
trânsito na diretoria sobre a
possibilidade de reforços para
o Campeonato Brasileiro. Ouviu que os gastos seriam mínimos e que o clube ficaria limitado à luta contra o descenso.
A partir de então, aos mais
próximos, Leão dizia que estava prestes a pedir demissão. Os
cofres fechados e a ausência do
presidente Marcelo Teixeira
nas entrevistas, para defendê-lo, denunciavam a fritura.
Leão não fala sobre Vanderlei Luxemburgo, que hoje comanda o Palmeiras, mas sua
passagem pela Vila Belmiro foi
à sombra do ex-treinador.
Segundo membro da comissão técnica, Leão não se conformava com o fato de o clube
ter feito fortuna com venda da
geração de Robinho, revelada
por ele. E ter torrado o dinheiro na gestão de seu antecessor.
O treinador também viveu às
turras com a Torcida Jovem,
que o criticava e já recebeu
doação de Luxemburgo para
desfilar no Carnaval.
"Desde o começo eu sentia
dificuldade e falaram que eu teria dificuldade. Só não conhecia a extensão dela", comentou
o treinador, em entrevista coletiva no CT do Santos.
Ele disse que o acordo foi a
melhor opção "para todos no
momento" e que pensou no
clube ao pedir demissão.
"Eu tomei essa decisão justamente porque estava começando o Brasileiro. O novo treinador precisa de tempo para realizar o trabalho", disse Leão.
O treinador deu a entender
que faltou profissionalismo ao
Santos. "Procuro fazer o profissionalismo da melhor maneira
possível. Quando eu sinto que a
recíproca vai aumentando,
mais vai prosperando. Quando
isso não acontece, temos que
ter o bom senso de repensar.
Repensamos e achamos melhor parar por aqui", afirmou.
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