São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

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FUTEBOL

A visão científica da final


Como uma astrônoma que não entende de futebol e que acaba de chegar à agora triste Manchester seguiu a decisão


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

INFELIZMENTE , não estava ontem em Roma. Nem em Barcelona. Nem em Manchester. Mas a coluna ao menos contou com uma enviada especial na terra do vice-campeão. Ela não é nenhum PVC, que analisa bem na Folha a vitória justa e merecida do Barcelona. Ao contrário, Isabel é cientista, astrônoma, foi só uma vez a estádio de futebol, e é prima deste colunista.
Pedi a ela que descrevesse um pouco do clima de Manchester (achava realmente que o time de Alex Ferguson venceria a decisão). E não é que uma pessoa normalmente desencanada com futebol se empolgou? Também, essa mestre em física estava no lugar certo na hora certa (só com placar errado).
""Na última semana não vi pessoas nas ruas com camisetas do Manchester United. Talvez porque cerca de 20 mil torcedores iriam embarcar entre terça e quarta para Roma, o que seria o maior movimento do ano no aeroporto de Manchester. Mas, horas antes da final, o clima era outro na cidade.
Um mar de pessoas com a camisa dos Diabos Vermelhos rumava para o pub favorito para assistir ao jogo. Regados com muita cerveja, naturalmente. Pessoas animadas nas ruas, grupos falando alto, diferente dos finais de tarde normais de trabalho. Estava ansiosa para ver o desfile com os jogadores programado para quinta [hoje], caso vencessem, mas acho que vou ver o clima de ressaca", escreveu-me ela.
Isabel chegou a Manchester na véspera do dérbi da cidade e pegou os festejos pelo tri inglês. Agora, experimenta uma tristeza coletiva.
A experiência para ela está sendo sensacional. Enquanto tenta decifrar os segredos do Universo, deve ter percebido como tem milhões de loucos neste mundo muito mais preocupados com uma bola de futebol do que com aquele asteroide que pode destruir nosso planeta.
""Já estava imaginando como iria encontrar a cidade amanhã de manhã [hoje]. Já tinha esquema de segurança, aviso de possível interdição de ruas e da concentração na Exchange Square [uma praça central] para uma carreata dos possíveis campeões", diz ela com tristeza, já parecendo uma diabinha vermelha (juízo aí, prima!), embora viva em frente ao estádio onde atua o Man City (o City of Manchester).
Bom, a Isabel me deu vários toques legais que um analista de futebol normalmente não percebe. O Google no Brasil modificou sua logomarca ontem em uma homenagem bacana à final, por exemplo. O resto da família, no Brasil, é como eu: segue futebol com frequência. Meu avô Manuel, 94, é galego, torcedor do Celta e do Real, mas, como é o maior nacionalista espanhol vivo, está feliz pelo Barcelona.
Ainda mais com ingleses derrotados (se ele souber que eu comento jogos da Inglaterra, me deserda).

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br


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