São Paulo, quinta, 28 de maio de 1998

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Movimentação coletiva cria time sugestivo

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

A menos de duas semanas da estréia na Copa, o Brasil, finalmente, fez seu primeiro coletivo, ontem à tarde, no estádio Três Pinheiros, em Ozoir-La-Ferrièrre.
Depois de 56 minutos de bola rolando, mesmo desfalcados de Dunga e Romário, bateram os reservas por 2 a 0, gols de Ronaldinho, se for descontada a magnífica cobrança de falta de Rivaldo, repetição de um tiro desperdiçado, na primeira vez, por Bebeto.
E Bebeto, que atuou no lugar de Romário, foi um caso singular ontem: sua movimentação foi perfeita, mas na execução das jogadas só fez sentir saudade do titular, quando não de um reserva mais eficiente, embora Edmundo, no time de baixo, cumprisse performance igualmente apagada, com uma ou duas jogadas de estilo.
Ao contrário de Giovanni, que cumpriu exemplarmente as outras duas funções que o esquema lhe reserva, além do ataque: marcar e armar jogadas. Deu passes de altíssima classe para Ronaldinho, Cafu e Bebeto, e sempre esteve disponível para receber a bola.
Mas, no plano individual, o destaque acabou sendo mesmo Ronaldinho: saiu sempre da área, para se aproximar de Giovanni e Rivaldo, com quem trabalhou bem, mesmo errando alguns passes, meteu-se pela esquerda, pela direita e fez os gols. O primeiro, numa penetração de César Sampaio, que, cara a cara com Carlos Germano, chutou na trave. No rebote, Ronaldinho, gol.
No segundo, uma bela enfiada de Rivaldo na transversal, e ele chegou livre para conferir.
Já no plano coletivo, o que se viu foi a defesa jogando de acordo com o que Zagallo traçou na sua cabeça há tempos: dois zagueiros lá atrás, protegidos por um volante (Doriva) e os dois laterais avançando sempre e ao mesmo tempo. Acontece que, como o segundo volante - César Sampaio - é quem deve sair mais, a cobertura de Cafu sofre hiatos perigosos. Quando César fica, tudo bem. Quando sai, com Cafu, abre-se um espaço às costas do lateral, no contragolpe, que poderá ser o nosso abismo.
De qualquer forma, dali pra frente, o time é sugestivo, graças à movimentação coletiva. Resta saber se, com a volta de Romário, essa dinâmica se repetirá.



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