São Paulo, quinta, 28 de maio de 1998

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MATINAS SUZUKI JR.
Volta a 82?

As Copas de 90 (Itália) e 94 (Estados Unidos) tiveram um baixo índice de qualidade futebolística.
A de 86 já anunciava uma queda, mas teve o argentino Maradona.
A de 82 foi a melhor das quatro Copas realizadas com 52 jogos.
Não é à toa que a média de gols do Mundial da Espanha foi a maior das realizadas com mais de 50 jogos: 2,80, a melhor desde 1970 (2,96), quando a Copa era disputada com 20 jogos a menos.
A partir de 94, a cultura do futebol mundial mudou por uma decisão simples: uma vitória passou a valer três pontos.
Com isso, o empate -uma das idiossincrasias do futebol- passou a ter um valor relativo menor e vem sendo desestimulado como método, principalmente em campeonatos nacionais civilizados que jogam no sistema de pontos corridos.
A consequência imediata foi a volta da valorização, nos esquemas táticos e nas vendas de passes, de jogadores capazes de conduzir um time à vitória (preparadores de ocasiões de gol e finalizadores) -e a desvalorização relativa de jogadores que apenas ajudavam uma equipe a não perder.
Os titulares da seleção brasileira são uma representativa amostra dessa situação: dos jogadores que existem apenas para o time não perder -basicamente o goleiro, o duo de zagueiros centrais e a dupla de volantes de contenção-, a maioria absoluta atua em mercados futebolísticos secundários, enquanto a quase totalidade dos construtores de vitória, incluindo aí os laterais, atuam nos mercados futebolísticos primários.
Além dos três pontos pela vitória, outros dois fatores contribuíram para a valorização de jogadores mais habilidosos nos últimos anos.
A primeira razão: com investimentos cada vez maiores no futebol, público e patrocinadores esperam cada vez mais mais espetáculos espetaculosos.
A segunda razão é de ordem sazonal: há gerações que jogam melhor futebol do que outras, o que fazer?
Apenas para citar alguns (quantos mais existirão?) dos extraordinários os jogadores do meio-campo para a frente que jogarão pela primeira vez uma partida de Copa do Mundo: Marcelo Salas, Ivan "Ban ban" Zamorano, Del Piero (se jogar), Djorkaeff, Zidane, Raul, Kiko, o genial Clarence Seedorf, Kluivert, Mijatovic, Alan Shearer, o ótimo Juan "La Brujita" Sebastiãn Verón, Suker, Tore Andre Flo, Oliver Bierhoff, Kanu (se jogar), além dos brasileiros Giovanni, Rivaldo e Ronaldinho.
E os inumeráveis craques que poderão definir jogos e que estarão jogando uma Copa do Mundo pela segunda (Laudrup, Stoichkov, Finidi George, Berkamp, Asprilla, o doidão Paul Gascoigne), terceira (Romário, Klinsmann, Moeller, Rincón, Hagi), quarta (Enzo Scifo) e até quinta vez, caso de Lottar Matthäus, que atuará como líbero, mas passa, lança e chuta muito bem.
Enfim, não será por falta de excelentes jogadores que procuram a vitória que a Copa da França pecará.
Graças a Deus.


Matinas Suzuki Jr. é diretor editorial-adjunto da editora Abril



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