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MATINAS SUZUKI JR.
Volta a 82?
As Copas de 90 (Itália) e 94
(Estados Unidos) tiveram um
baixo índice de qualidade futebolística.
A de 86 já anunciava uma
queda, mas teve o argentino
Maradona.
A de 82 foi a melhor das
quatro Copas realizadas com
52 jogos.
Não é à toa que a média de
gols do Mundial da Espanha
foi a maior das realizadas
com mais de 50 jogos: 2,80, a
melhor desde 1970 (2,96),
quando a Copa era disputada
com 20 jogos a menos.
A partir de 94, a cultura do
futebol mundial mudou por
uma decisão simples: uma vitória passou a valer três pontos.
Com isso, o empate -uma
das idiossincrasias do futebol- passou a ter um valor
relativo menor e vem sendo
desestimulado como método,
principalmente em campeonatos nacionais civilizados
que jogam no sistema de pontos corridos.
A consequência imediata foi
a volta da valorização, nos esquemas táticos e nas vendas
de passes, de jogadores capazes de conduzir um time à vitória (preparadores de ocasiões de gol e finalizadores)
-e a desvalorização relativa
de jogadores que apenas ajudavam uma equipe a não perder.
Os titulares da seleção brasileira são uma representativa
amostra dessa situação: dos
jogadores que existem apenas
para o time não perder -basicamente o goleiro, o duo de
zagueiros centrais e a dupla
de volantes de contenção-, a
maioria absoluta atua em
mercados futebolísticos secundários, enquanto a quase
totalidade dos construtores de
vitória, incluindo aí os laterais, atuam nos mercados futebolísticos primários.
Além dos três pontos pela
vitória, outros dois fatores
contribuíram para a valorização de jogadores mais habilidosos nos últimos anos.
A primeira razão: com investimentos cada vez maiores
no futebol, público e patrocinadores esperam cada vez
mais mais espetáculos espetaculosos.
A segunda razão é de ordem
sazonal: há gerações que jogam melhor futebol do que
outras, o que fazer?
Apenas para citar alguns
(quantos mais existirão?) dos
extraordinários os jogadores
do meio-campo para a frente
que jogarão pela primeira vez
uma partida de Copa do
Mundo: Marcelo Salas, Ivan
"Ban ban" Zamorano, Del
Piero (se jogar), Djorkaeff, Zidane, Raul, Kiko, o genial
Clarence Seedorf, Kluivert,
Mijatovic, Alan Shearer, o ótimo Juan "La Brujita" Sebastiãn Verón, Suker, Tore Andre
Flo, Oliver Bierhoff, Kanu (se
jogar), além dos brasileiros
Giovanni, Rivaldo e Ronaldinho.
E os inumeráveis craques
que poderão definir jogos e
que estarão jogando uma Copa do Mundo pela segunda
(Laudrup, Stoichkov, Finidi
George, Berkamp, Asprilla, o
doidão Paul Gascoigne), terceira (Romário, Klinsmann,
Moeller, Rincón, Hagi), quarta (Enzo Scifo) e até quinta
vez, caso de Lottar Matthäus,
que atuará como líbero, mas
passa, lança e chuta muito
bem.
Enfim, não será por falta de
excelentes jogadores que procuram a vitória que a Copa
da França pecará.
Graças a Deus.
Matinas Suzuki Jr. é diretor editorial-adjunto da editora Abril
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