São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2000


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TÊNIS
Brasileiro bate Chris Woodruff por 3 a 1 e vai à segunda rodada de Wimbledon depois de se queixar da atuação de juiz
Kuerten vence e reclama de preconceito


RICARDO GRINBAUM
DE LONDRES

Gustavo Kuerten ganhou seu jogo de estréia no torneio de Wimbledon numa partida marcada por um erro grosseiro do juiz, por muitas reclamações e por denúncias de favorecimento a tenistas norte-americanos.
O tenista brasileiro derrotou o norte-americano Chris Woodruff por três sets a um (6/4, 6/7, 7/5 e 7/6), mas passou por momentos difíceis durante a partida.
Kuerten ficou irritado com uma marcação do português Jorge Dias, protestou e jogou a raquete no chão. "Já me roubaram contra o Sampras, em Miami", disse ao juiz. "É muito preconceito."
O jogo começou equilibrado, mas o brasileiro estava ligeiramente melhor. Primeiro colocado da Corrida dos Campeões, o novo ranking mundial, Kuerten quebrou o serviço de Woodruff (46º no ranking) quando a partida estava empatada em três games. Depois, fechou o set em 6 a 4.
No segundo set, Kuerten, que é o único grande especialista em saibro a permanecer vivo sobre a grama de Wimbledon, teve uma oportunidade de abrir uma vantagem decisiva.
O set estava em cinco games a quatro para Kuerten, que estava sacando. Woodruff rebateu uma bola no fundo da quadra. A bola caiu nitidamente depois da linha, mas o juiz validou o ponto.
Com a marcação, Woodruff ganhou o game, quebrando o serviço de Kuerten. O norte-americano aproveitou o nervosismo do rival depois desse lance para ganhar o segundo set por 7 a 5. "Estava pronto para fechar o segundo set e ganhar o jogo. Mas a partir dali fiquei irritado e podia ter perdido o jogo", disse Kuerten.
Aos poucos, porém, Kuerten recuperou a concentração e fechou o jogo em 3 a 1, em partida com duas horas e 45 minutos de duração. Para vencer sua estréia em Wimbledon, o brasileiro compensou a dificuldade na quadra de grama com a força dos golpes.
Ele fez 29 aces, o segundo melhor desempenho no fundamento num jogo em sua carreira. Sua média na temporada, aliás, é de mais de nove aces por partida.
Ao final do jogo, Kuerten denunciou o que chamou de "discriminação". Segundo ele, o "nome pesa" na hora de os juízes decidirem pontos duvidosos.
"Posso jogar 20 vezes contra o Agassi e o Sampras. Sempre que tiver uma bola duvidosa, os juízes vão dar a bola para os caras", disse o tenista, que perdeu a final do torneio de Miami contra Pete Sampras depois de uma decisão polêmica de um juiz favorecendo o norte-americano.
Ontem, Kuerten não enfrentou uma estrela como Sampras ou Agassi, mas disse ter sofrido preconceito porque, na dúvida, os juízes preferem ficar bem com os norte-americanos. "Existe um respeito maior pelos norte-americanos. Para nós chegarmos é mais difícil, temos que lutar mais."
O tenista brasileiro joga na próxima rodada, provavelmente amanhã, contra o sul-africano Justin Bower, 509º colocado no ranking de entrada da ATP.


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